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03/06/2022 às 20h32min - Atualizada em 03/06/2022 às 20h10min

Shein X Zara: qual a diferença?

De um lado, a Shein e seus preços super baixos, mas com falta de transparência. Do outro, a Zara com preços altos e acusação de racismo. Talvez a diferença não seja tão grande assim.

Isabelly Noemi - Editado por Beatriz Seguchi
Reprodução: Consumidor Global

A Shein se popularizou em 2020 nas redes sociais, especialmente com os vídeos de “comprinhas” da marca. Desde então, ela virou assunto, de um lado há quem ame e de outro não faltam críticas, mas duas delas estão sempre gerando polêmica: a falta de transparência na cadeia de produção, entre as diversas acusações de trabalho escravo, e a quantidade de peças novas lançadas diariamente, o que incentiva cada vez mais uma moda descartável. Não há dúvidas, a Shein é um ultra fast fashion. Mas e a Zara, também não é? 

 

A Zara é uma rede de lojas que foi fundada no anos 70, porém só em 1999 foi aberta a primeira loja física no Brasil e em 2011 chegou a primeira polêmica, uma fiscalização em São Paulo, encontrou trabalhadores bolivianos em condições precárias e análogas à escravidão, em duas oficinas subcontratadas por um fornecedor da Zara. Já mais recentemente, em 2021, uma investigação policial no Ceará, acusou a empresa de racismo, isso devido a um esquema de vigilância de clientes negros e de roupas simples, através do código “Zara zerou”. 

 

Mas então, se a Zara também é uma fast fashion que é envolvida em polêmicas e passa por problemas de transparência na produção, no que ela é diferente da Shein? Por que ela é tão queridinha pelas famosas e sempre tão elogiada? Será que as duas não são do mesmo jeito? 


 

 

A verdade é que a Shein já foi até acusada de plagiar designs da Zara e existem vários vídeos que mostram as comparações. De acordo com o site Desejo Luxo, na plataforma de vídeos TikTok, as hashtags #zaravsshein e #zaradupe – onde os usuários compartilham os itens muito semelhantes de Zara e Shein – tiveram mais de  38,3 milhões e 39,8 milhões de visualizações, respectivamente. Nem todo mundo está reclamando ou criticando essa atitude, existe uma gama de pessoas que parecem celebrar a capacidade de Shein de replicar os designs da Zara por uma versão mais barata. Vale ressaltar que essa não foi a única vez que a Shein foi acusada de copiar modelos.


 

@cgonzalezmua ZARA vs SHEIN #shein #sheingals #zaravsshein #sheinstyle #sheincares FIND ME IN DA CLUB !!! - Disco Lines

 

Mas voltando ao nosso questionamento inicial, a Zara é tão diferente da Shein mesmo? Bom, enquanto a Zara parece se comprometer com a revitalização das suas políticas de trabalho, mesmo que incentivado pelas polêmicas e por termos de compromisso assinado com o Ministério Público do Trabalho, a Shein simplesmente permanece calada e sem nenhuma, mesmo que mínima, fiscalização nacional. 

 

Outro ponto importante é que no Índice de Transparência da Moda Brasil de 2021 do Fashion Revolution, a Zara possui uma pontuação de 38% de transparência e ficou em 13º lugar, já a Shein não fez parte da pesquisa nacional, mas fez da global e nessa a marca chinesa ficou com 1% e a Zara com 36%. Pois é, esses dados fazem muita diferença. 

 

Já a segunda maior problemática estaria na velocidade do lançamento das coleções. A Zara lança em média 2.000 novas peças por mês, enquanto a Shein lança cerca de 1.000 peças por dia. Onde tudo isso vai parar? Certamente, em um consumo desenfreado e zero sustentável. 


 

 

Calma! Não estamos aqui para defender a Zara e muito menos para jogar hate na Shein. Afinal, cada uma tem seus pontos positivos. Enquanto a primeira tem, aos pouquinhos, se desvinculado das acusações de trabalho escravo, a segunda é exemplo de diversidade na grade de tamanhos, algo que a Zara parece nem se importar. Enquanto a Zara encara acusações de racismo, a Shein carrega acusações de plágio. Além disso, várias pessoas falam sobre a qualidade das roupas serem bem parecidas nas duas, porém os preços na Zara são exorbitantes comparados a Shein. 

 

O ponto é que as duas são problemáticas, mas são diferentes sim. Não existe a possibilidade da gente colocar todas no mesmo barco, assim como não dá para culpar o fast fashion por tudo. Existem várias marcas de luxo super famosas que passam por acusações iguais a essas, só não recebem a mesma atenção. Além disso, acabar com o fast fashion não é uma alternativa possível, viável e até mesmo saudável para o mercado atual de moda que nós temos. 

 

Mas então, qual a solução? Quem é a menos pior? Eu não tenho essa resposta. O que eu sei é que o ideal, e até necessário, é continuar cobrando transparência, buscando informações sobre a marca que você consome e cobrar por políticas públicas que fiscalizam esse mercado. 

 

Além disso, o principal é fazer suas próprias escolhas, ou seja, consumir de forma consciente, de acordo com sua realidade, inclusive sobre o valor das peças. Afinal, a gente sabe que nem sempre o nosso bolso pode pagar por aquilo que a gente realmente quer, que existem quem pode escolher o que compra e quem consome o que dá.  Mas vale ressaltar, se você busca uma moda sustentável e transparente: pesquise! 

 

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