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08/07/2022 às 18h51min - Atualizada em 30/06/2022 às 12h48min

O reflexo da alta inflação no prato dos brasileiros

Famílias de baixa renda sentem mais o impacto do aumento dos preços de alimentos

Aliny Bueno - editada por Uilson Campos
Preços disparam e consumidor sente o peso na alimentação. Foto: Shutterstock

A ida ao supermercado tem sido mais árdua a cada mês. Nos carrinhos, o consumidor coloca apenas o essencial. Os altos preços nas prateleiras faz com que se tenha pouca opção de compra e, na maioria das vezes, tenha que se abrir mão de certos itens. 
Essa tem sido a realidade dos brasileiros,  em especial, dos mais pobres. Pesquisa Datafolha divulgada na última segunda-feira (27), aponta que 26% da população afirma não ter comida suficiente para sustentar a família. Ou seja, uma em cada quatro pessoas diz não ter muito o que comer dentro de casa.

Uma realidade enfrentada por famílias de baixa renda, que vivem a situação na qual o pouco que se tem traz a insegurança alimentar, com incertezas de até quando essa situação vai durar.  Esse cenário é reflexo da alta inflação no mercado econômico nos últimos meses. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços dos alimentos subiram 3,09 % no último mês de março. Além disso, a projeção do mercado financeiro é que a inflação suba 8,65% ainda este ano. Contudo, a alta inflação tem afetado significativamente a rotina de muitas famílias.

Para o mecânico Roberto, 35, a alta dos preços tem pesado no bolso e nas compras do mês. Pai de duas crianças pequenas, o mecânico diz que agora compra apenas o básico. "Não tem como encher o carrinho de compras. Fico mal por não poder comprar tudo o que meus filhos me pedem".
O que Roberto conta é vivido por tantas outras famílias no país. De acordo com dados do Cadastro Único, o Brasil tem mais de 17 milhões de famílias em situação de extrema pobreza.  O número cresceu desde o início da pandemia de coronavírus, quando 13, 5 milhões de famílias eram cadastradas no programa.

Durante os últimos dois anos, Roberto e a mulher receberam o auxílio emergencial do governo e, segundo ele, o valor ajudou bastante nas compras de consumo. "Quando a gente recebeu o auxílio, o dinheiro dava para fazer uma boa compra no mercado, mesmo com os preços subindo. Mas agora que a gente não recebe mais, só o meu salário não é muito", afirma Roberto. 
Como em muitos lares, os itens nas despesas têm "desaparecido". Segundo pesquisa do IBGE, o tomate é o alimento com maior índice se aumento em abril, com 26,17%, seguido do melão, 23,15 e a cenoura, com 15,02%. O feijão carioca, por exemplo, um dos principais alimentos no prato dos brasileiros, cresceu 7,79% no mesmo período. 

Para Roberto, que tem renda mensal em torno de um salário mínimo e meio, lidar com a inflação dos alimentos, bem como com os demais gastos, tem sido um desafio. "Com o pouco que eu ganho, quase não sobra nada no final do mês. Sou eu sozinho para compra do mercado, gás e as outras contas para pagar. Fica difícil fazer uma reserva para momento de urgência", analisa.

Ainda em aspectos de crescimento e consumo, o custo da cesta básica chegou a ter aumento de 18,07% entre maio de 2021 e maio deste ano. Assim, o valor passou de R$1.038,45 para R$1.226,12, uma diferença de R$188,33. A pesquisa, feita pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP, revelou que no mesmo período, café, batata e biscoito água e sal foram os alimentos que mais pesaram no valor da cesta básica. Itens estes, comuns nas refeições do dia a dia.

Com a projeção de aumento da inflação até o final do ano, a tendência é que as famílias permaneçam a mudar os hábitos de consumo continuem a abrir mão de certos alimentos. "Hoje a gente não come carne todo dia. O preço é muito alto e eu tenho comprado outras misturas para comer no dia a dia", conta Roberto. Para ele, a situação deve apresentar melhora apenas em 2023. "Do jeito que está, somente eu trabalhando, acho que esse ano ainda vai ser difícil para mim e para todo mundo", reflete.


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