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19/12/2022 às 13h34min - Atualizada em 19/12/2022 às 13h34min

Messi faz até brasileiro torcer para Argentina

Conquista da Copa acaba com críticas e boatos contra o atual campeão do mundo e faz com que o brasileiro o admire mais do que craques da seleção nacional, mas agora a discussão é se ele é maior do que Maradona

Paulo Octávio - labdicasjornalismo.com
Virou heroi: Messi celebra conquista do seu sonho nos braços do povo. Foto: Hannah Mckay/Reuters
O clichê do futebol diz que alguns craques jogaram tanto que quase fizeram chover. O Messi conseguiu algo ainda mais inimaginável: fazer  o brasileiro esquecer a rivalidade e torcer para a Argentina. Na quinta-feira, três dias antes da final da Copa do Mundo de 2022, duas rádios comentavam sobre essa preferência pelo título dos vizinhos ao invés da conquista francesa.  

A Band FM, líder do segmento popular, perguntou aos ouvintes para quem eles iriam torcer, a maioria optou pelos Hermanos. Já na Energia FM, campeã de audiência no esporte, o comentarista Mano disse que o "Messi é tão gente boa que nem parece argentino". Isso por que o Pibe não segue o arquétipo de provocador, como o Maradona. 

Dom Diego ficou famoso pelas confusões, a polêmica fake ou não sobre a entrega da água batizada para seleção em 90 e a turbulenta vida pessoal. Já Messi sempre teve uma postura mais contida, ao menos até 2019. Após a derrota para o Brasil na semifinal da Copa América, o meia começou a disparar metralhadora.  

Descontente com a não marcação de uma falta na origem do primeiro gol, criticou a Conmebol e disse que o torneio “estava comprado”. No jogo seguinte, foi expulso pela segunda vez em sua carreira numa discussão tola com Montiel. Parecia um novo Messi. E ele apareceu no Catar. Após o jogo contra Holanda, soltou “que mira, bobo?” para atacante holandês Woghrost, frase que caiu na boca dos argentinos e o meme foi repetido até pela esposa do jogador, Antonella Roccuzzo, nas redes sociais. Depois da final, não deu coletiva de imprensa e debochou dos jornalistas com palavrões.  

 A conquista do tão sonhado Mundial o transformou em herói digno de cinema após 16 anos de dores e tristezas.  

 DE NÃO ARGENTINO PARA O MAIOR DO SÉCULO

Em sua primeira Copa, em 2006, Messi já era o melhor do mundo, porém não entrou em campo na Alemanha e ainda por cima era criticado por "não ser argentino". O fatos de o então jovem não ter tido o mesmo impeto do ídolo e do o atleta ter saído muito cedo de seu país motivaram os argumentos. Logo aos 13 anos, o então jovem foi para o Barcelona, que bancou o tratamento contra nanismo, e a cidade virou sua casa. Ele conquistou 35 títulos pelo clube catalão e fez história no time que atingiu um patamar elevado com futebol envolvente. Mas pela Argentina, o Pibe só tinha, até 2021, conseguido um Mundial sub-20 e uma Olimpíada. 

E até 2018 viveu momentos difíceis com a camisa Albiceleste. Perdeu três finais de Copa América (2007, 2015, 2016) e foi eliminado de outras duas. Após derrota para Chile, em 2016, anunciou aposentadoria da seleção, mas mudou de ideia  

Já  nas Copas, sofreu duas eliminações e uma derrota na final para Alemanha e caiu para França nas oitavas do Mundial de 2018. Após a queda na Rússia, a mídia aumentou a fritura e alguns dirigentes da AFA (Associação de Futebol da Argentina) cogitaram a possibilidade de um problema do Messi com a esposa possa ter atrapalhado o desempenho do jogador. E a sequência de dissabores encontrou um ponto de virada na derrota  em 2019, que mexeu com time.  

Depois dessa mudança, o craque passou a ter voz ativa e a ser um líder dos jogadores. Assim, time conquistou a Copa América de 2021, no Brasil, que serviu de impulso para o Mundial de 2022. Em um ano, a equipe ficou 36 jogos invicta com direito a triunfo diante da Itália na Finalíssima.  

Após derrota para Arábia, na estreia da Copa, o sonho parecia distante. Porem o tropeço serviu como novo motivador, e o time que passou a encarar cada jogo como uma final e venceu as seis partidas seguintes.  

Logo no fim da histórica final contra a França, alguns argentinos o achavam maior do que o Maradona, talvez pelo calor do momento ou pela memória afetiva, pois muitos deles são de uma geração mais nova e não acompanharam a decisão de 1986 em que "dios" venceu a Alemanha por 3 a 2 em contexto semelhante a final de 2022 -- Albiceleste abriu 2 a 0, tomou empate e fez o terceiro no final.  

De qualquer forma, ninguém mais vai falar que Messi não é argentino, achar algum defeito em sua relação com esposa ou apontar autismo, diagnostico que ele nunca teve, mas serviu como boato amplamente divulgado.  

E agora ele vive uma nova fase com o começo de sua 'canonização'. O dez se despede das Copas como argentino com mais gols pelo torneio e como atleta com mais jogos: 26 um a mais do que o alemão Lothar Matthäus.  

E também ganha o carinho do torcedor brasileiro tão irritado com Neymar e seus jogadores com cabelo descolorido e dançarinos. Apesar da rivalidade, o termo mais ouvido foi "o Messi merece". 

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