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13/02/2023 às 16h25min - Atualizada em 13/02/2023 às 16h19min

Os entraves que as editoras independentes precisam atravessar para se manter de pé no Brasil atual e os caminhos alternativos para esses empreendimentos

Maria Clara Monteiro Corato - Edição: Franciele Fernandes
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PublishNews

As editoras independentes precisam atravessar inúmeros percalços para sobreviver em meio ao mercado editorial brasileiro sem ser engolidas pelos grandes selos. O orçamento enxuto, a preferência do público pelos autores do mainstream, a grande concorrência, ameaçam a sobrevivência desses empreendimentos, que resistem dedicadamente e cooperam para uma literatura brasileira mais diversa. 

Segundo uma funcionária da Editora Meraki, um dos maiores impasses está na quantidade de tarefas designadas para uma equipe composta por pouquíssimas pessoas. “Muitas vezes todo o processo logístico acaba se tornando função de uma só pessoa”, conta.

Para a sócia da Editora Caligari, Nathalia Perrone, outro ponto relevante quando abordamos as dificuldades enfrentadas por esses negócios é a concorrência das grandes editoras para com as pequenas, que chega a ser desleal, “O trabalho das editoras independentes, em sua grande maioria, é terceirizado. Desde a revisão do livro até as impressões na gráfica. Enquanto as grandes possuem toda a estrutura necessária, fazendo com que isso, inclusive, interfira no baixo preço dos livros".

Somado a isso, a crise editorial que assola o país e leva as grandes livrarias a fecharem as portas por conta de dívidas exorbitantes, como o caso da Livraria Cultura, que teve sua falência decretada pela justiça de São Paulo, nesta quinta (dia 9), empurram as editoras independentes para um caminho alternativo. 

As vendas através do site das editoras, as feiras literárias, os influenciadores digitais, a procura de autores que estão longe do mainstream, são algumas possibilidades que estão sendo exploradas. “Para ter um diferencial, é necessário investir na qualidade do seu material, uma boa diagramação, um bom projeto gráfico, pensar a qualidade de estruturação do texto, trabalhar bem o material, todas essas são formas que as editoras independentes têm para se reinventarem”, ressalta Perrone. 

Com foco, dedicação e disciplina dos envolvidos no processo, as editoras independentes são conduzidas para o crescimento. Embora existam tantas barreiras, esses negócios continuam resistindo. As pequenas editoras trazem para o mercado uma maior pluralidade dentro da literatura. Atualmente, muitas delas são focadas em nichos específicos de minorias que tiveram, durante muito tempo, suas publicações rejeitadas por grandes editoras.

Assim, elas abrem mais espaço para novos autores com representatividade maior, e que não eram conhecidos. O foco é avaliar a obra e tentar enxergar o potencial que existe nela, e não apenas o capital, garantindo diversidade para a nossa literatura. 

Qual o futuro desses empreendimentos que prestam um papel importantíssimo no Brasil atual? A Editora Meraki acredita que “Parcerias, colaboradores e apoiadores são fundamentais para o desenvolvimento externo e interno da editora, e com isso, é possível amadurecer e expandir esse tipo de negócio dentro do ramo literário.”

Inegavelmente, precisa existir uma sede de querer fazer esses projetos continuarem vivos. Apoiar pequenos empreendimentos, pensar fora da bolha literária que as grandes livrarias vendem para o público leitor, consumir mais autores nacionais, são alguns dos pontos que contribuem para manter de pé as editoras independentes. 

 

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