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15/02/2023 às 00h50min - Atualizada em 14/02/2023 às 21h06min

Opinião: mudanças do Mundial não parecem ser as ideais

Formato semelhante ao utilizado na Copa do Mundo de seleções e explosão da participação de europeus poderá diminuir a chance de título de clubes de fora do velho continente

Maurício Barboza - labdicasjornalismo.com
Gianni Infantino, Presidente da FIFA. Foto: Fabrice Coffrini/ AFP
O Conselho da FIFA anunciou nesta terça-feira (14) mudanças significativas para o Mundial de Clubes que ocorrerá em 2025. Serão 32 equipes e as vagas, distribuídas por todos continentes e também para o país-sede. Apesar dos critérios objetivos utilizados pela entidade, é preciso analisar se o aumento do número de clubes trará benefícios ou não, se o formato semelhante ao da Copa do Mundo (com fase de grupos e mata-mata) proporcionará um bom nível de competitividade e como ficará o calendário dos clubes.       

O aumento na quantidade de clubes participantes, de oito para 32, é um ponto relevante e merece destaque. Muitas equipes terão a oportunidade de participar da competição e isso reflete na difusão e divulgação do futebol pelo mundo. Porém, o aumento do número de times europeus faz com que a possibilidade de o título ser alcançado por um clube time do velho continente se eleve, principalmente pela qualidade técnica. E, para os clubes de outros continentes, em vez de disputar o título contra apenas um grande, em 2025 serão doze. E dois em cada grupo já na primeira fase. Prova da hegemonia europeia é que dos 20 torneios organizados pela FIFA, 16 foram vencidos por europeus (oito agremiações). E só três brasileiros venceram em quatro oportunidades. 

Nesse modelo atual do torneio, com menos jogos e partida única nos mata-matas, a disparidade com a Europa diminui pelo menos um pouco e existe a possibilidade, nem que seja mínima, de uma agremiação fora do velho continente ser campeã. Essa diferença se dá principalmente por conta de os europeus possuírem as melhores equipes, os maiores investimentos, os melhores jogadores e a melhor estrutura.   

Outro ponto relevante é o calendário do futebol brasileiro, por exemplo. As competições nacionais poderiam ser bem afetadas já que nosso calendário é muito apertado. Seria praticamente impossível paralisar os campeonatos e torneios do nosso país em virtude da participação de clubes brasileiros no Mundial. Como o torneio terá 30 dias, isso poderia atrapalhar as disputas do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Caso uma equipe daqui chegue a final ficaria devendo três ou quatro jogos no Nacional e para arrumar datas e refazer a tabela seria complicado.

Talvez a FIFA tenha uma boa intenção. Talvez a ampliação do número de equipes pareça interessante se for considerado o aumento do valor da publicidade, que poderá ser repassado para os clubes. Mas não vejo com bons olhos as mudanças,  pois o novo modelo beneficiará consideravelmente as equipes europeias em detrimento das demais. Entendo que não haverá uma disputa igualitária, pelo contrário, aumentará ainda mais a diferença existente entre os clubes.
 

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