Ana LetíciaObras criadas por escritores nacionais, principalmente tratando-se de independentes, apresentam dificuldades para serem conhecidas, logo após lançadas por não existirem grandes reconhecimentos. No Brasil, autores brasileiros procuram soluções a fim de ter trabalhos conhecidos e encontram respostas na internet.
O Brasil é um país conhecido por ser uma nação no qual existem poucos cidadãos que têm costume de leitura. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro, o brasileiro lê em média 2,43 livros por ano. Esse fato se dá pela falta de incentivo ou o incentivo de modo incorreto para leitura na nação, quando ainda na escola submetem alunos a iniciarem a vida literária com uma obra complicada, fazendo com que estudantes se considerem incapazes intelectualmente de lerem aquilo, assim fazendo uma parcela da população jovem decidir que não gosta de ler. Até porque ninguém gosta de ler aquilo não se entende.
Embora uma grande parte da população não tenha o costume de ler, quando decide ler algo, optam por literatura internacional por diversos motivos, sendo alguns deles as adaptações para filmes, que vem acontecendo com bastante frequência, como não ocorre com livros nacionais; e a desvalorização da cultura nacional, por considerar-se inferior principalmente quando citam filmes e livros. Muitas vezes sem nunca ter tido contato com aquilo.
Este fato é exemplo dos problemas enfrentados por autoras que estão querendo ganhar espaço. Quando decide-se escrever um livro, é necessário primeiramente pensar em qual público gostaria de atingir e encontrar um modo de que a história chegue até as pessoas interessadas, mas é preciso saber que é um caminho longo e cansativo de enfrentar, principalmente quando é o primeiro lançamento de um autor não conhecido em um país não conhecido por leitores. As dificuldades que autores nacionais, principalmente independentes, enfrentam são diversas, sendo algumas delas a dificuldades de alcançar público, falta de reconhecimento e desvalorização da literatura ocasionando pirataria, principalmente no Brasil. Então, para ter nome e livros reconhecidos, encontram ajuda na internet.
Os meios de comunicação estão evoluindo e, hoje, existem plataformas que proliferam com facilidade e são respostas para o início da valorização de autoras nacionais. Uma fração da parcela de jovens presentes no TikTok começaram a ler por causa das indicações em formato de vídeo dessa rede social. Em uma curta conversa sobre interesses literários, Bruna Dalton, de 26 anos, leitora, comenta que o Instagram e TikTok são algumas das redes sociais das quais mais recebe indicações de leituras nacionais, mesmo que de modo indireto. Outra leitora, Kailandre Tavares, afirma que voltou a ler, depois de anos, por causa de divulgações que via no Instagram. “É legal a forma como quem faz propaganda dos livros consegue nos deixar curioso sobre a história”. Os espaços de vídeos e stories de alguns perfis do Instagram, TikTok e Youtube abrem espaços para divulgação de histórias desconhecidas, fazendo com que quanto mais pessoas vejam, mais exista um público interessado no conteúdo literário publicado e, assim, a história vá se reproduzindo e ganhando fama junto com reconhecimento.
Em entrevista com autora nacional, que usa como seu pseudônimo Kalie Méndez, ela responde algumas perguntas sobre dificuldade, motivações, dicas e divulgações.
Quando questionada sobre as maiores dificuldades que enfrenta como autora independente, Kalie cita que é sobre achar espaço entre as estantes de leitores. Comenta que existe muitas ofertas e, por esse motivo, formar público é mais difícil. Argumenta que as vantagens e desvantagens são semelhantes, pois se trata de ter liberdade para escolher seu ritmo de trabalho. Acaba sendo uma desvantagem também porque se não tiver foco, começa a complicar. A escritora fala que usa algumas redes sociais como aliada, para divulgação de seus livros, mas que o Instagram é a rede que mais recebe retorno. Kalie comenta o quanto acha essencial a divulgação de suas obras pela internet e que traz bastante visibilidade, principalmente quando feita por leitoras. “A Bienal é o ponto de encontro entre o leitor e autor. A oportunidade de ficar frente a frente com leitores que admiram o seu trabalho. É o momento que o assunto livro fica em evidência. É muito importante principalmente em um país no qual não existe incentivo para formar novos leitores”. A autora articula quando perguntada sobre a importância da Bienal do Livro, uma exposição de obras que acontece a cada dois anos, para os autores. Kalie conclui a entrevista dando dicas para futuras autoras, comentando que apesar de não ser um caminho fácil, se tiverem como sonho escrever e viver da escrita, incentiva a não desistir e ainda afirma que existe algum leitor para um determinado livro.
