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24/02/2023 às 18h55min - Atualizada em 24/02/2023 às 18h36min

Pão e Circo?

O Carnaval se mostra cada vez mais, um instrumento fundamental social e da educação do país

Carolina GuiRe - Editado por Nicole Bueno

O ano de 2023, marca o retorno do Carnaval às grandes capitais, dentro do período tradicional (mês de fevereiro) e sem nenhuma restrição decorrente à Pandemia da Covid-19. Além das tradicionais fantasias, carros alegóricos luxuosos - cada vez mais elaborados - baterias afinadas e grandes coreografias nas comissões de frente, o enredo tem se tornado cada vez mais um elemento crucial e de debates sociais.

Presenciamos a diversidade religiosa contrastando com a intolerância (cada vez mais presente em nossa sociedade), racismo, cultura nordestina e liberdade de expressão. Os temas dominaram os sambas-enredo principalmente no eixo Rio-São Paulo.
Mas um assunto, dominou as redes durante esse feriado e transpareceu o maior defeito do brasileiro: o quanto ainda não somos direcionados ao respeito às diversidades e minorias.

Como sétimo e último desfile da sexta (17), a perseguição às crenças de origem africana, marcada sobretudo por incêndios a templos religiosos, foi o tema da escola de Samba Gaviões da Fiel.
A agremiação na primeira noite no Anhembi, trouxe na comissão de frente um tripé estilizado em uma grande fogueira, que ‘purificava’ inquisidores e os libertava na forma de seres de luz. Além disso, o abre-alas da Gaviões trazia seu grande carro, branco, anunciando um tempo de paz e harmonia entre religiões.
Diante da bateria, a rainha Sabrina Sato representando o Dragão derrotado, inspirava seus ritmistas com as fantasias de guerreiros de São Jorge e mensageiros de Ogum. representando assim, a união entre o catolicismo e as religiões africanas.

Porém, a ala mais conservadora, encarou como deboche tal representação, e disparam protestos nas redes sociais:
"Não entendi! Homenagem a São Jorge vestida de demônio?????? Brincadeira viu! Falta de respeito!", escreveu um seguidor. "Carnaval, festa da carne onde se comemora a depravação da humanidade...pronto comentei", comentou outra. 












Instagram: @sabrinasato

Algo parecido passou o Acadêmicos do Salgueiro, na madrugada do dia 21, ao ingressar na Sapucaí, com um carro de quase 100m de comprimento, representando o Diabo, numa reeleitura do Jardim do Éder, e da batalha eterna do Bem x Mal. Tem quem 'praguejou' no Instagram, dizendo que a escola atraíria tudo de ruim que acontecesse em 2023.








 


Segundo os carnavalescos, o objetivo foi mostrar que apesar das diferenças nas formas de culto, existe apenas uma força onipotente. E que todas as religiões têm em comum a busca pelo amor e respeito.

Será que tais temas, servem apenas como um chamativo para polêmicas, induzindo assim uma valorização na nota final? Ou os debates trazem à luz a importância não só cultural, como didática do Carnaval, e que atinge de forma certeira, o grande público?

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que estejam alinhados às suas relações é uma das competências gerais da educação básica.
Conectando assim, os conhecimentos da sua realidade e de experiências enquanto indivíduo, bem como seja instrumentalizado a refletir e a argumentar sobre diversos temas de modo crítico e alinhado às demandas políticas, históricas e sociais. 

Vejamos o exemplo da Embaixadores da Alegria, escola do grupo de acesso do Rio de Janeiro, que é a primeira formada basicamente por pessoas com deficiência há 15 anos e abrirá o desfile das campeãs nesse sábado (25).
Ela não apenas garantiu um maior espaço para o desfile de pessoas com deficiência, mas também a ida deles ao Sambódromo. Sua experiência ajudou no desenvolvimento de logísticas, planejamentos de embarque e desembarque na Passarela do Samba para os foliões juntamente com os órgãos públicos municipais e a Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial.


Divulgação

O Carnaval é um exercício de liberdade, uma manifestação extremamente potente, tão singular, ao mesmo tempo na qual se instaura uma coletividade a partir de uma vivência compartilhada.
Uma festa que existe em todo lugar e em toda parte, porém ainda assim, há poucas experiências de sociabilidade tão únicas e enriquecedoras.


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