Desde o começo deste mês, a França tem ganhado destaque nas manchetes mundiais devido a sequência de greves e manifestações contra a reforma previdenciária proposta pelo presidente Emmanuel Macron. De acordo com informações do Ministério do Interior, na última quinta-feira (23), mais de um milhão de pessoas foram às ruas em todo o país. Entre os principais pontos alternados estão o aumento da idade mínima para aposentadoria - de 62 para 64 anos; o aumento no tempo de contribuição - de 42 para 43 anos; a idade mínima de aposentadoria para servidores de atividades essenciais como coletores de resíduos, bombeiros e enfermeiros, que passa para 59 anos; além de mudanças na licença maternidade.
De acordo com o governo francês, que já realizou reformas na lei previdenciária em 2010 durante o governo de Nicolas Sarkozy, a ideia é economizar cerca de 18 bilhões de euros. Atualmente o “gasto” governamental com a previdência equivale a 14% do valor total do Produto Interno Bruto (PIB) do país, sendo o terceiro maior da zona do euro atrás apenas da Itália e da Grécia. A insatisfação popular, que culminou nas greves e manifestações, se intensificou no ultimo dia 16 quando Macron percebeu que mesmo com a aprovação do texto base no Senado por 193 votos contra 114, não haveria apoio absoluto da Assembleia Nacional, então o presidente utilizou de mecanismos legais - através do artigo 49.3 da Constituição francesa - para forçar a aprovação da reforma sem necessidade de votação, de maneira autoritária. Posteriormente, as duas moções de censura da Assembleia foram vetadas dando continuidade ao projeto.
Macron joga xadrez com o autoritarismo
Faltando menos de 500 dias para os Jogos Olímpicos que ocorrerão em Paris, o clima é de tensão nas ruas da capital. Até o momento, mais de sete toneladas de lixo não foram recolhidos devido a greve dos coletores, voos foram cancelados e o transporte público ficou completamente paralisado na quinta-feira (23). Conforme informações divulgadas pela rádio France Info, as manifestações recebem apoio majoritário dos cidadãos franceses. Em entrevista, Marie Buisson, uma das líderes da Confederação Geral do Trabalho (CGT), classificou a fala de Emmanuel Macron como “zombaria a população" e os sindicatos já convocaram os trabalhadores e estudantes para novos protestos que ocorrerão na próxima terça-feira (28).
REFÊRENCIA
XADREZ VERBAL PODCAST #327 – AMÉRICA LATINA, EUROPA E PACÍFICO. Disponível em: https://xadrezverbal.com/2023/03/10/xadrez-verbal-podcast-327-america-latina-europa-e-pacifico/