Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
09/09/2023 às 18h45min - Atualizada em 09/09/2023 às 14h00min

Taça das Favelas ajuda jovens que sonham em se tornar jogador profissional

Além de ajudar talentos, o campeonato mobiliza comunidades e proporciona lazer

Julia Mota - labdicasjornalismo.com
Partida entre Sebinho de Mesquita e Salgueiro Tijuca pela Taça das Favelas 2023 (Divulgação/Marinara Britto/Instagram)

A juventude carioca continua em busca de espaço e visibilidade em um cenário de desigualdade que aumenta a cada dia.  Para diminuir esse impacto negativo, a Taça das Favelas, idealizada por Celso Athayde, é um  projetos que auxilia a mudar a realidade dos jovens, sejam eles atletas ou voluntários. Mobilizando mais de 100 mil jovens de diversos times e favelas do país, a atual edição conta com 96 equipes masculinas e 34 femininas. Com essa vitrine, muitos meninos podem ter a oportunidade de ganhar uma chance em um clube de futebol profissional através dos famosos observadores que acompanham as partidas. 
 
Um caso muito emblemático aconteceu com Ronald Barcellos, craque e artilheiro da Taça das Favelas de 2019. Ele foi campeão com o Gogó da Ema e após um depoimento emocionante ganhou teste no Flamengo e conseguiu ingressar em clubes como Fortaleza e Grêmio, hoje joga no Portimonense, da primeira divisão Portuguesa. O volante Patrick de Paula, hoje no Botafogo, também saiu do projeto e jogava pelo Complexo de Santa Margarida.  

Em entrevista ao Bom Dia Rio (TV Globo), em julho, Caio Garcia, um dos atletas do Complexo de Acari, que disputa a edição deste ano da Taça das Favelas, desabafou: "Acho que o futebol pode mudar a minha vida e a da minha família. Futebol pode tirar a gente da dificuldade", disse. 

Ainda em julho, também em entrevista para a TV Globo, a coordenadora de produção da Taça das Favelas, Bruna Nascimento, explicou a importância do projeto: "É muito importante, na verdade é a oportunidade da vida deles, uma oportunidade de mudar as suas realidades, como a gente costuma dizer no slogan da Taça das Favelas: é um gol para toda vida", ressaltou Bruna. Em cada final de semana de jogos não são apenas os atletas que são mobilizados, mas toda a comunidade também, já que sempre chegam ônibus lotados com as respectivas torcidas de cada favela, se transformando assim em uma oportunidade de lazer para todos. 

ESPORTE IMPACTA NA VIDA DOS JOVENS 

Recentemente uma pesquisa da Prefeitura do Rio de Janeiro indicou que apenas 4% dos jovens do Complexo do Alemão frequentam ou concluíram o Ensino Superior, enquanto 69% dos jovens da Zona Sul estudam ou já concluíram a universidade. Sendo assim, fica evidente o abismo social e educacional que acontece no estado e impacta a vida desses moradores de comunidades de diversas formas.  

Os projetos sociais entram nesse cenário como uma oportunidade de mudar a perspectiva de vida, visto que em situações de vulnerabilidade social é possível desenvolver doenças mentais como depressão e ansiedade, além de estar propenso a estressores diários, já que regularmente são obrigados a conviver com rotinas de tiroteio. Assim como precisam lutar pela sobrevivência, tendo que batalhar por direitos como saneamento básico. Essas rotinas impedem esses jovens de estudar e ter momentos de lazer, que já são escassos devido a condição social.  

 A psicóloga Gabrielly Melo explicou como esses projetos podem fazer a diferença na vida dos jovens, em uma realidade em que os direitos básicos não são respeitados: "São muitos estressores, então um projeto como esse faz diferença porque proporciona uma expectativa de futuro, uma oportunidade de fazer diferença, um local onde as crianças e adolescentes podem ser validados por outras pessoas, podem ser vistos e ter um lugar por eles. O que é fundamental para a saúde mental", completou Gabrielly. 

 


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »