Imagem de FreepikA Culpa é das Estrelas, Crepúsculo, A Seleção… O que esses títulos têm em comum? A resposta é: a suposta “futilidade” de suas histórias.
É fácil encontrar em grupos de leitores nas redes sociais pessoas criticando quem lê livros de romance, aventura ou drama, principalmente quando as autoras são mulheres. O motivo desse fenômeno ainda é desconhecido. Até porque, existe algum critério para ler um livro?
Todo mundo (ou quase todo mundo) sabe que, na verdade, toda leitura é válida. Seja desde um artigo científico até um anúncio em folheto, o importante é saber qual o seu objetivo. Afinal, a leitura não precisa ser sempre engessada e cansativa, ela também pode ser uma forma de entretenimento. Sabe aquele sentimento de querer descansar e dar um tempo das telas? Ler um livro que seja leve pode ser uma ótima forma de fazer isso. O problema é que muitas pessoas com a mente fechada acreditam que só é leitor de verdade quem não só lê, mas também é obcecado por autores como Nietzsche, Jean-Paul Sartre e George Orwell.
A criadora de conteúdo Silmara Santos, que tem um perfil onde compartilha suas experiências literárias, falou sobre como já se sentiu constrangida por causa de suas leituras: “Já fui subestimada por pessoas que achavam que eu só leio livros de romances e, ao descobrirem que já li clássicos, ficaram chocadas”. Silmara, na verdade, se considera hoje uma leitora eclética, pois lê de tudo um pouco.
Isso só reforça mais ainda o ponto levantado: é preciso desmistificar o pensamento de que, só porque alguém lê Machado de Assis, essa pessoa é mais intelectual do que quem lê Jogos Vorazes. O lado bom é que, mesmo com todo esse achismo, o cenário está mudando para melhor. É possível ver, por exemplo, as mesmas pessoas que publicam fanfics no Wattpad, se tornando autoras de livros publicados e renomados. Vindo de uma plataforma tão criticada simplesmente por ser um lugar ocupado, principalmente, por adolescentes, estas pessoas mostram que, mais do que só diversão, as leituras consideradas “rasas” podem te levar a algum lugar.
Um ótimo exemplo é de quando as crianças ou pré-adolescentes iniciam no mundo literário. Livros clássicos não são a leitura recomendada para alguém que está começando a ler, ao se deparar com uma leitura complexa, as chances dessa pessoa não pegar gosto pelos livros são bem grandes. Mas, lendo uma história adequada para a idade e que seja de interesse da criança ou adolescente, o hábito da leitura se desenvolve mais facilmente. E é claro que, no futuro, essa mesma criança será capaz de ler um livro mais complexo e, aí sim, ter prazer por essa leitura.
César Martín, jornalista e leitor ávido, com um enorme acervo dentro de sua casa, contou um pouco da sua história. Segundo ele, a sua paixão pelos livros se iniciou ainda na infância, com os contos e as histórias em quadrinhos, e já na adolescência começou com alguns clássicos e existencialistas.
“Os livros que nós lemos na adolescência, independente do gênero deles, trabalham o disciplinamento da leitura”, disse ele. Hoje, o autor favorito de César é o vencedor do Prêmio Nobel, Orhan Pamuk, dono da obra clássica ‘Meu nome é Vermelho’.
O ponto mais importante é que a leitura só traz benefícios. Tanto para a Silmara quanto para o César, o hábito de ler é algo que os relaxa e os faz aprender cada vez mais. Melhora do vocabulário, desenvolvimento de criatividade e maior senso crítico são só algumas das vantagens de ter a leitura como um hobby. E todos esses benefícios vão ser adquiridos independente do gênero da história, não existe uma receita ou fórmula mágica.
Portanto, caro leitor, seja feliz lendo o que quiser. Pode ser mangá, romance, aventura, clássico; a literatura não precisa e não deve ser chata ou cansativa. E, mais importante ainda, não define o seu nível de inteligência.
