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23/10/2023 às 09h16min - Atualizada em 23/10/2023 às 09h34min

Adaptações literárias: medo ou sonho?

Adaptações podem cativar o público: conheça algumas que têm um lugar especial no coração dos bookstas.

Dominik Pereira - Edição por Mayane Humeniuk
Imagem de Tumisu por Pixabay.
Uma adaptação literária é um jeito diferente de contar a mesma história. Ela pode ser adaptada para as diferentes telas, como cinema e televisão, e também para o teatro. O primeiro trabalho desse modelo é "Ilíada", de Homero, escrita no século XVII a.C. Desde então, as adaptações foram cada vez mais exploradas. Hoje, uma obra pode ser adaptada para diferentes meios, como o streaming e o teatro. 

Um avanço notável do número de adaptações chama a atenção, a indústria cinematográfica investe cada vez mais na transformação de palavras em imagens, e o público abraça as histórias ou as rejeita.

Fallen

É comum que os bookstan se desagradem de alguma adaptação do seu livro favorito. Foi o que aconteceu com a primeira adaptação do best seller "Fallen", escrito pela autora Lauren Kate. O filme não agradou muitos fãs da obra. Lançado em 2016, o longa narra a história da jovem Lucinda. Acusada de causar a morte do namorado, é enviada para o reformatório Sword & Cross.

O Rotten Tomatoes deu uma aprovação de 7% para o trabalho; na crítica da audiência, a aprovação foi de 65%. Em uma rede social, um internauta destacou pontos do livro que fizeram falta no filme, que só quem leu o livro poderia notar. "Coisas que (particularmente) senti falta! Gabbe batendo em Cam, enterro da Penn, a história do túmulo do pai da Penn, colar de cobra com pingente, encontro do Dia dos Pais, o primeiro dia no pátio, o dedo do meio e o cachecol vermelho no mar de roupas pretas."

 
Porém, há quem goste da produção. "Não dá pra comparar livro com filme... Faltou tantas características dos personagens nesse filme... Cenas tops das galáxias que, se estivessem, iam fazer toda diferença no filme. Porém, é legal assistir porque você pode assistir algumas cenas do livro", disse outra internauta.

Ponte para Terabítia

Produzir uma boa adaptação é um processo trabalhoso, pois é necessário olhar para a história com profundidade, buscar preservar a sua essência e transmitir tudo em um tempo limitado de tela: este é o grande desafio. Para essa reflexão, vamos analisar a adaptação do livro "Ponte para Terabítia", obra de Katherine Paterson.

Terabítia é um mundo fantástico criado por Leslie e Jesse, dois amigos de escola que encontraram na fantasia um modo de fugir da realidade. No mundo de aventuras, eles são dois guerreiros que lutam com trolls e outro seres fantásticos, porém, se engana quem pensa que esta obra é uma mera fantasia. O livro tem um apelo dramático e emocional bem estruturado, os núcleos familiares são bem explorados e podemos conhecer a realidade dos personagens principais e, assim, compreender o desejo de se distanciar dos conflitos que ambos enfrentam.

 
Jesse possui uma realidade completamente diferente de Leslie. Em seu núcleo familiar, as relaçãos são mais frias. Jesse é o único filho homem, com quatro irmãs, seu pai acaba dando uma responsabilidade maior pra ele. O personagem sofre com uma adultização precoce e isso claramente prejudicou sua capacidade de sonhar, imaginar e fantasiar. Habilidades que ele só adquire com a chegada de Leslie.

A personagem de Anna Sophia Robb (Leslie) vem na contramão de Jesse. Leslie é uma jovem muito sonhadora e de riso fácil, com uma criatividade bem aflorada. Logo no inicio do enredo, podemos notar o poder da sua imaginação. Enquanto lê uma redação sobre as suas férias, Jesse consegue visualizar, através das palavras dela, tudo o que é dito.

 
As relações familiares também se divergem muito. A familia da Leslie é carinhosa e receptiva, o que, no primeiro momento, deixa Jess muito desconcertado, porque ele não tem demonstrações de carinho rotineiras. 

Os pais dela são escritores de ficção e trabalham em casa, porém, isso não significa que passem mais tempo com a filha. Tanto Leslie quanto Jess são distantes de seus pais, o que fortalece sua união.

O filme  foi bem avaliado pelo Rotten Tomatoes, a audiência também aprovou. As críticas foram positivas, não só pela fidelidade da obra, mas também pela estética. Apesar de contar com efeitos especiais para a ambientação do mundo fantástico (Terabítia), não é esteticamente ruim, parece quase natural. 

A Cabana

A Cabana é uma adaptação do livro de Willian P. Young. Lançado em 2017, o filme agradou aos leitores, mas, no Rotten Tomatoes, sua avaliação não foi agradável, o que não impediu o público de apreciar o trabalho. 

O filme narra a história de Mack, um homem com uma infância dificil, que perde sua filha de uma forma brutal. Depois de passar pela grande tristeza, a vida dele perde o sentido. Perdido na sua dor, um dia ele recebe uma carta do Papai, pedindo para se encontrarem na cabana. Mack fica espantado, porque Papai era o modo como sua esposa se referia a Deus, mesmo intrigado Mack vai ao seu encontro. Na cabana, ele se depara com a santíssima trindade e começa a caminhada pelas suas dores. 

O longa não é sobre religião, mesmo que alguns digam que sim, é sobre superação, conhecer suas dores e a causa delas, porém o ponto mais importante é a fé. 
Depois da grande tristeza, Mack perde sua fé e deixa de acreditar em Deus. Então, ele é convidado a estar na cabana para Papai ajudar na cura de suas feridas e se reconciliarem.

Apesar de a adaptação não ter sido um sucesso nas críticas, analisando o livro e o filme, o trabalho foi bem executado. Os efeitos para compor o local da cabana são bem trabalhados e é algo bonito de se ver. A essência da história foi preservada, a introdução sobre a vida do personagem principal, os conflitos que ele já carregava, é tudo fundamental para a compreensão do personagem.

A adaptação de um livro é um trabalho dificil, mas que, quando bem executado, rende boas obras cinematográficas. Por isso, para fazer uma boa adaptação é preciso respeito com a obra e, principalmente, não menosprezar os detalhes que às vezes parecem irrelevantes, mas que, juntos, fazem parte do todo.

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