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13/10/2023 às 18h48min - Atualizada em 09/10/2023 às 09h47min

Do preconceito ao reconhecimento: São Luís é declarada Capital Nacional do Reggae.

Marvio Araujo - Malu Figueiredo
Foto: Reprodução/Revista Trip

Agora é oficial! São Luís é declarada Capital Nacional do Reggae. O reconhecimento ocorreu por meio da Lei 14.668, publicada em 12 de setembro, no Diário Oficial da União. A lei sancionada pelo vice-presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), é proveniente do PL nº 81/2020, do deputado Bira do Pindaré (PSB-MA), sendo aprovado pela Comissão de Educação e Cultura (CE) em 8 de agosto, com relatório do senador Cid Gomes (PDT-CE). 





Do preconceito ao reconhecimento:

O reggae é um gênero musical que surgiu na Jamaica no final da década de 1960, a partir da mistura de vários estilos e gêneros musicais, como a música folclórica jamaicana, ritmos africanos, ska e calipso. O reggae recebeu, em sua origem, influência do movimento rastafári e carrega, em suas letras, mensagens de cunho social, aspectos religiosos e problemas típicos dos países pobres, além de abordar mensagens de paz, união e resistência contra opressão.

A partir dos anos 70, o reggae viveu uma disseminação do seu ritmo pelo mundo. Um dos principais alvos foi o estado do Maranhão. O professor do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e autor do livro O Poder Simbólico das Radiolas de Reggae, Euclides Barbosa Moreira Neto, afirma que o acolhimento do reggae no Maranhão "não foi por acaso. O ritmo musical reggae tem uma verossimilhança com as manifestações culturais do estado do Maranhão como um todo, principalmente pela cadência e toque dos tambores africanos que foram implantados no estado, pelo processo escravagista, proporcionado pela diáspora africana".

Há duas teorias sobre a chegada do reggae no estado: A primeira afirma que o gênero musical jamaicano chegou na década de 1970, por intermédio das ondas de rádios caribenhas que também levavam gêneros como o calipso e zouk. A segunda hipótese aponta que quando os marinheiros desembarcavam no porto de São Luís, eles utilizavam os discos de reggae como moeda de troca para bebidas e lazer. 

Inicialmente acolhido pela periferia da baixada maranhense e depois abraçada por São Luís, hoje a Ilha do Amor ostenta não só o título de Capital Nacional do Reggae, mas também a alcunha de "Jamaica Brasileira". Sua importância é tamanha para a identidade dos maranhenses, que em outubro de 2002, foi instituído o Dia Municipal do Regueiro, comemorado em 05 de setembro. O radialista e dj de reggae Marcos Vinícius, considera que o recém título concedido é "uma afirmação de toda a história que o reggae tem em São Luís do Maranhão, de todo o seu denvolvimento, das comunidades de bases, da periferia, de toda uma luta que vem há décadas contra o preconceito".

Características únicas

No Maranhão, o reggae ganhou novas nuances e configurações que o diferencia de qualquer outro lugar do mundo. Ao som das "pedras preciosas", batizadas de "melôs", um encurtamento da palavra melodia, o gênero musical é dançado "agarradinho", em pares, onde duas pessoas se entrelaçam, de uma forma sensual e romântica. Essa forma de dançar rendeu, em 2022, o reconhecimento de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, por parte do governo do Maranhão.

Outra peculiaridade são as radiolas de reggae, uma espécie de "montanhas" de caixas de som que foram adaptadas do sound system jamaicano. A inserção das radiolas de reggae "percorreu um caminho que fizeram aflorar o pluralismo cultural da região para um gênero musical que foi acolhido inicialmente pela gente pobre e negra da região conhecida como baixada maranhense. As radiolas foram o maior símbolo da difusão do gênero musical", afirma o professor Euclides Barbosa Moreira Neto



 


Museu do Reggae


Fortalecendo ainda mais a relação de São Luís com o reggae, a capital maranhense possui, desde 2018, o Museu do Reggae, único equipamento cultural destinado ao gênero musical fora da Jamaica.

O museu conta a história do reggae no Maranhão por meio de um vasto acervo que possui discos raros, fotos históricas, vídeos, moda reggae e depoimentos gravados com grandes personalidades reggaeiras.

Nos dois primeiros anos de fundação, o aparelho cultural conseguiu a marca de 120 mil visitantes, dos quais 50 mil eram turistas. Durante o mês de agosto de 2023, foram 7 mil visitas.


Atualmente, o Museu do Reggae possui cinco ambientes: A Sala dos Imortais que homenageia grandes nomes do reggae maranhense que já faleceram. Nos outros quatro ambientes, os homenageados são os tradicionais clubes de reggae de São Luís, como o Clube Som, Clube Toque de Amor, Clube União do BF e Clube Espaço Aberto.

Mais informações: https://www.instagram.com/museudoreggae/


 

 


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