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01/08/2019 às 13h26min - Atualizada em 01/08/2019 às 13h26min

O jornal impresso está com os dias contados?

Os meios digitais, cada vez mais, demostram sua força, o que tem causado o enfraquecimento do jornalismo impresso

João Paulo Ferreira
Nos últimos anos, o jornal impresso tem sido atingido por uma queda de vendas, consequência do surgimento crescente de novas tecnologias e da popularização da internet. O meio de comunicação, hoje com mais de 200 anos de história no Brasil, aos poucos tem perdido sua força e popularidade.

A divulgação de notícias em tempo real, por meio do rádio ou da TV, causou impacto no pioneirismo do impresso, porém, o maior embate tem ocorrido com o ápice da internet e a evolução da telefonia celular e demais meios tecnológicos, que iniciaram seu desenvolvimento no fim dos anos 1990.
De acordo com um levantamento do Instituto Verificador de Circulação (IVC) feito com onze dos principais jornais de circulação nacional, de dezembro de 2014 a dezembro de 2017, houve uma queda de 41,4% nas tiragens (aproximadamente 520 mil exemplares a menos).

Além da queda nos exemplares vendidos, há também a redução dos assinantes. Um exemplo disso é o senhor Eli Araújo, que, aos 76 anos, assina o jornal somente pelo caderno de esportes. O aposentado, apesar do grande interesse em se informar acerca das pontuações e grades de jogos, pretende cancelar sua assinatura em breve.

 
“Eu acho que vai cair muito a venda de assinatura de jornal porque eu, por exemplo, algum tempo atrás, não tinha internet. Agora, eu não vou mais mexer com o jornal porque já tenho. Vejo que não há necessidade de manter as duas.”
 
Com essas reduções, um fantasma volta a rondar os veículos impressos: o fim do jornal que conhecemos estaria próximo? O aposentado Eli, apesar do conhecimento limitado sobre a internet e suas funcionalidades, opina sobre a situação.

“Eu acho que o jornal pode acabar sim. É muito mais prático ir na internet, tem tudo! Eu acho que o jornal escrito, se não acabar, vai diminuir ainda mais.”

Uma possível decadência pode ser confirmada também por quem vende o jornal e, diariamente, observa a circulação desse produto da comunicação e o interesse da população. Daniele Dos Reis, que trabalha em uma banca de jornal, afirma: “Nos últimos quatro anos, teve uma queda nas vendas. Não sei informar a quantidade exata, mas a gente percebe que diminuiu bastante”.

Daniele relata que, todos os dias, a banca devolve uma certa quantidade de jornais e que a grande maioria dos compradores na banca é formada por pessoas da terceira idade, que, muitas vezes, não abrem mão. A comerciante comenta que os jovens só buscam pelo impresso quando necessário, principalmente para trabalhos escolares, e aponta uma justificativa para a procura reduzida. “Hoje, a informação tá de fácil acesso, e você não precisa pagar por ela.”
 
ADAPTAÇÃO

Somente no Facebook, jornais como O Globo e a Folha de São Paulo contam com mais de 5 milhões de seguidores, cada um. Diante dos altos índices no ambiente on-line e os números cada vez mais baixos de assinaturas e vendas, o jornal impresso precisa traçar formas de recuperar sua imponência. Uma alternativa é a adaptação do que é feito tradicionalmente às redes sociais e às plataformas digitais.

A jornalista Mariana Carneiro reconhece a importância da integração de novas mídias, e tem aplicado isso nos veículos impressos onde trabalha.
“Eu resolvi criar uma página no Youtube e estou postando agora vários vídeos de entrevistas. Quando sai uma notícia quente que precisa ser divulgada, a gente posta no YouTube, compartilha o link no Facebook e isso tem gerado muitas visualizações. É muito bacana mesclar esses conteúdos, o meio digital e on-line com a versão impressa, sem perder a credibilidade de sempre. Eu só modernizei pelo meu modo de ver as coisas pra aproveitar todos os recursos que a gente tem.”

Além da junção às redes sociais, outra adaptação que pode ser conveniente aos circulares diários é uma mudança textual, trazendo do impresso pro on-line uma linguagem mais simples e direta, que se aproxime do que é usado na internet.

Toda essa evolução não deixa de ser um desafio para quem produz a notícia nesse meio, porém, para manter-se atual e mais próximo do público presente nas mídias digitais, o jornalismo impresso precisa lutar por seu espaço.

“O maior desafio hoje, pro jornal impresso, seria a adaptação às novas mídias. Porque os jornais impressos aceitam apenas texto e imagens, e não oferece conteúdos complementares ao leitor, como vídeos e infográficos interativos. Isso não é possível na forma impressa, mas a gente precisa achar plataformas que completam o nosso conteúdo. É preciso ter um jogo de cintura muito grande para conseguir se manter no mercado de forma competitiva”, conclui Mariana.

 
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