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09/08/2019 às 09h43min - Atualizada em 15/08/2019 às 10h54min

Uso de pipas e papagaios com cerol é sinal de perigo enorme

Quase invisível, uso ilegal pode até causar vítima fatal

João Marques - Edição: Giovane Mangueira
Apreensões feitas por policiais. Foto: Divulgação PMERJ
Era dia da final da Copa do Mundo de 1994, ano em que o Brasil alcançou o Tetracampeonato no futebol. No caminho de bicicleta junto com seu pai, Gustavo Porto hoje motorista de ônibus e com 34 anos de idade, morador de São Gonçalo, colidiu com uma linha esticada que estava com cerol secando na rua. O resultado foi corte no rosto, muito sangue e uma marca que carrega até hoje. Ele conta que na época não registrou boletim de ocorrência ou levou o caso adiante. Afinal, na época não havia a consciência da importância de levar o caso aos órgãos competentes.

O tio e o próprio menino que preparava a linha com o cerol prestaram os primeiros socorros levando Gustavo de carro até o hospital. Após perder muito sangue e passar por momentos de tensão pela falta de médicos especialistas por conta da final do mundial de futebol, chegou a ir para outras cidades em busca de atendimento. Hoje, ele guarda a marca do episódio em seu rosto e agradece por não ter sido vítima fatal. “Hoje as cicatrizes já não são tão fortes e as menores se apagaram. Na época eu tinha plena ciência de que por muito pouco não morri ou fiquei cego”, conta.

Ainda segundo ele, algumas mudanças poderiam ser feitas para alertar a população sobre os riscos. Um deles é o uso de antena corta pipas para os motociclistas. Gustavo também opina sobre uma maior fiscalização em eventos que reúnem praticantes de pipas. “Acredito que deveria haver uma fiscalização em eventos de pipas em praias, parques e outros lugares onde se soltam pipas. E caso sejam identificadas pessoas que estão usando cerol ou linha chilena, sejam aplicadas multas, prestação de serviço comunitário etc. Coisas que deem alguma dor de cabeça ao usuário seja ele maior ou menor de idade, culpabilizando também o responsável legal no caso de ser o usuário, um menor de idade”, sugere.

Dos anos 90 para os dias de hoje, houve mais campanhas apresentando os riscos e também a criação de leis e canais para denúncias anônimas. Mesmo assim, o perigo pode estar mais próximo do que se imagina e atingir a qualquer um.

Ouvimos alguns moradores da zona Norte e Oeste do Rio de Janeiro, que preferiram não se identidicar e, eles contam que a diferença existe uma diferença, é que linha sem cerol, pura, não corta as outras linhas e pipas com facilidade. Uma linha pura é considerada "frágil” perante as linhas que utilizam cerol. O material é feito principalmente da mistura de vidro moído e cola.

O advogado Dr. Fernando Fabiani Capano, explica sobre os riscos que todos estão correndo nas cidades: “Na medida em que tais materiais possuem altíssima capacidade de corte e são finos, de modo a dificultar por demais a sua visualização, penso que os gestores públicos deveriam agir para coibir sua utilização, visto que, em razão de sua natureza, podem ocasionar lesões seríssimas e, como já ocorreu, até mesmo mortes por degolação” informa.

Ainda de acordo com ele, as denúncias são de grande importância “Pois possibilitam aos gestores públicos - quer seja no âmbito municipal, através dos agentes da Prefeitura - quer seja ainda através dos policiais no âmbito do Estado - a mapear melhor tais ocorrências, agindo preventivamente para evitar acidentes e, em ocorrendo lesão, responsabilizar cível, administrativamente e criminalmente os responsáveis” ressalta.

Denúncias

O Disque Denúncia possui alguns canais de atendimento para denúncias de praticas que envolva a fabricação, venda e utilização do cerol e da linha chilena. Quem tiver qualquer informação pode entrar em contato pelos telefones: (21) 2253-1177, (0300) 253-1177 ou pelo aplicativo "Disque Denúncia RJ". O anonimato é garantido.

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