O livro da professora Stela Caputo é sobre entrevistas. Mas, antes de tudo sobre o jornalismo, ou melhor sobre o fazer jornalismo. Caputo, com uma linguagem simples e clara, mostra ao leito desde a linguagem e a construção do texto a técnicas e teoria de entrevista. Tudo por meio de experiências como jornalista, quase como uma colega da profissão que põe a mão em seu ombro e diz: “eu passei por tudo isso e provavelmente você também passará, então, preste atenção no que digo”.

Antes mesmo de entrevistar, um problema que todo estudante de jornalismo passa ou passará é na construção de um bom texto. Como escrever da primeira palavra ao ponto final de forma clara, concisa e, de preferência, sem perder o fio da meada. É isso que Caputo trata no início do livro. Segundo ela, fórmula alguma é capaz de ajudar na hora de garimpar as palavras para o texto, pois, construí-lo é um envolvimento pessoal.

“Escrevemos quando sentimos que passamos por uma experiência. A construção de um texto é uma experiência singular. Ao vivê-la, escorre por nossas mãos o lugar de onde somos e o modo como olhamos o lugar em que estamos. Deixamos no tecido do texto as fibras das nossas mãos e de outras que por nossas mãos passaram. (Caputo, p. 17, 2006)

Com um bom texto, já se pode partir à entrevista. Porém, o que é entrevista? Para Stela Caputo a entrevista, quando bem feita, é melhor definida como “uma experiência de olhar o mundo e ouvir o outro”. Como o leitor verá ao longo do texto, a entrevista é uma pérola do jornalismo, uma “verdadeira arte” de difícil maestria, requer prática e dedicação, mas não impossível de dominar.

Por meio de trechos de entrevistas- que ela realizou- de personalidades desde Dilma Rousseff ( na época Ministra de Minas e Energia), MV Bill (rapper, escritor e ator), Marcelo Gleiser (físico brasileiro e atual vencedor do Prêmio Templenton) a membros de grupos de extermínio, Caputo mostra ao leitor como o jornalista deve agir antes, durante e depois de uma entrevista, seja ela pessoalmente, por email, entre o intervalo de uma palestra e outra, ou no meio de uma manifestação; como conseguir entrevistar alguém em uma coletiva; como lidar com assuntos delicados ou perigosos, entre outros. Enfim, mostra como entrevistar.