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10/10/2019 às 17h08min - Atualizada em 10/10/2019 às 17h08min

Estilo de vida vegano cresce no Brasil

Nutricionista desmistifica tabus sobre alimentação e estilo de vida que busca o fim da exploração animal

Thais Dias
IBOPE, Ginger Strategic Research
Thais Dias
 
De olho na saúde e buscando o equilíbrio entre seres humanos e animais, o veganismo tem crescido cada vez mais pelo mundo, até pouco tempo eram vistos como “pessoas estranhas com hábitos esquisitos”, porém nos últimos anos o crescimento deste estilo de vida tem ganhado muitos adeptos.
 
Segundo dados do IBOPE, 30 milhões, ou seja, 13% da população, de brasileiros mudaram seus hábitos alimentares e se tornaram vegetarianos, ainda segundo o Instituto há cinco anos apenas 9% da população se considerava vegetariana. A pesquisa aponta que as pessoas que decidiram mudar sua alimentação têm entre 25 e 34 anos.
 
Diferente do vegetarianismo que se restringe a apenas uma dieta sem consumo de proteína de origem animal, o veganismo exclui totalmente produtos obtidos por meios cruéis ou exploratórios como roupas de lã ou couro, cosméticos e até medicamentos testados em animais.
 
Adepta do veganismo, Jackeline do Carmo Ferreira, 28, explica que comer carne é algo cultural uma conduta, assim pautada no Especismo, que é a atribuição de valores e direitos diferentes a seres de acordo com sua espécie “Quando refletimos sobre nossa conduta em relação aos animais e, além disso, buscamos informação sobre o assunto, entramos em um conflito pessoal, questionamos nossa ética e empatia, pois despertamos para o fato de que os animais são seres sencientes, ou seja, sofrem, sentem dor, medo foi buscando informações que percebi que não podia mais compactuar com a exploração animal, e, portanto, me tornei vegana”, disse ela.
              
Pedro Henrique, 26, que também segue este estilo de vida há três anos, conta como foi a decisão de mudar seus hábitos, “ Comecei a não achar certo consumir carne, pois ali tem uma vida e a natureza está aí nos fornecendo tudo que precisamos, no início eu ainda comia derivados – leite, ovo e etc- hoje corto tudo de origem animal e também o que posso como sal, refrigerante, álcool e soja, porque a plantação de soja apenas 20% vem para o consumo humano o resto é apenas desmatamento para criação de gado e usam a soja para alimentá-los”, explicou ele.
 
Além da alimentação restrita os veganos não frequentam lugares como zoológico, circo, parques qualquer entretenimento envolvendo animais é abolido pelos adeptos “ Devemos ter empatia e amor, afinal eles são seres vivos e não são diferentes de um gato ou cachorro e muito egoísmo da nossa parte usar estes animais para nossa diversão”, comentou Pedro.
 
 
ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA
 
Apesar da alimentação ser bem restrita, a nutricionista Thais Cabral da Costa explica que este estilo de vida não traz nenhum risco a saúde, “Este novo hábito está fazendo com que a população tenha conhecimento dos alimentos in natura e com isso acrescentando a suas refeições diárias alimentos ricos em nutrientes ganhando qualidade de vida”, conta.
 
Como suas refeições são baseadas em verduras e legumes a nutricionista alerta para se atentar ao preparo dos alimentos “Pessoas veganas deve sempre se preocupar com o modo de preparo dos vegetais para evitar a perda de nutrientes. E sempre procurar um profissional para ajudar a equilibrar e apresentar as formas de preparo já que uma vez mal preparada você perde todos seus benefícios e a variedades de alimentos”, explicou Thais.
 
Apesar do mito, que a prática vegana seja um estilo de vida caro, Pedro Henrique desmistifica “Quem pensa que essa alimentação se resume apenas em saladas, está muito enganado, o que conta é a imaginação, porque diversidade tem de sobra”, brincou ele
 
SEM CARNE E MAIS SAÚDE
 
Apesar deste estilo de vida mais humanizado estar cada vez mais presente, Jaqueline conta que ainda passa por algumas situações na hora de se alimentar mas leva tudo no bom humor “As pessoas se espantam, talvez por nunca terem conhecido um vegano, ou fazem perguntas, o que é uma brecha muito bacana para trocar ideias, tirar dúvidas. Muitas vezes, as pessoas perguntam o que como e eu respondo sempre brincando que como tudo aquilo que não foge na hora de ser apanhado”, explicou a jovem.
 
Pensando nas dificuldades que os adeptos a causa animal passam, Jose Carlos Lourenco decidiu abrir um restaurante vegano/vegetariano na cidade de Três Lagoas “Eu já cresci com essa cultura de não consumir tanta proteína animal, já temos esse habito de ver nosso corpo como templo e tudo que ingerimos deve ser puro”, contou.
 
Segundo pesquisa feita pela empresa Ginger Strategic Research, a estimativa é de que o mercado de produtos alimentícios vegetarianos cresça num ritmo médio de 40% ao ano.
 
José inaugurou o restaurante "Super Saudável" em 2015, o estabelecimento é voltado para pessoas que não ingerem proteína animal e procura uma alimentação equilibrada e saudável. No começo era apenas uma loja com produtos, mas como as vendas não eram lucrativas a ideia do restaurante nasceu, e hoje com a ajuda dos familiares e uma nutricionista que elabora todo o cardápio o estabelecimento segue fortalecendo a causa da não violência aos animais.
 
Todos os alimentos são fornecidos pelos produtores locais, “Todos os dias as verduras e legumes chegam fresquinhas nosso diferencial é esse, buscamos nunca abandonar nosso conceito voltado ao meio ambiente, desde os móveis de palhetes reutilizados até o descarte dos alimentos”, destacou José.
 
O restaurante contém a certificação ambiental, todo o óleo utilizado é devidamente descartado nas normas de segurança ambiental.
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