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10/04/2019 às 23h05min - Atualizada em 10/04/2019 às 23h05min

Resenha: A revolução dos bichos

Uma fábula sobre a Revolução Russa

Maria Luise Oliveira Brey de Assis
Livro A revolução dos bichos
Maria Luise Brey
George Orwell - pseudônimo do jornalista Eric Arthur Blair - publicou A revolução dos bichos em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial. Orwell, por ter participado da Guerra Civil Espanhola, conseguiu acompanhar de perto o exército soviético de Stálin, e percebeu que aquele regime totalitário não era em nada parecido com o socialismo democrático em que acreditava.   

Essa obra é conhecida como uma fábula que satiriza a ditadura stalinista, mas também foi usada durante a Guerra Fria como ferramenta ideológica anticomunista. ⠀⠀⠀

A estória se inicia em uma fazenda onde os animais não são tratados decentemente e a revolução não demora muito a chegar, já que essa ocorre quando os animais percebem que a quantidade que recebem é desproporcional ao que produzem. Então, todos eles se rebelam contra seu dono e o expulsam, tomando posse da propriedade.

Logo em seguida, eles nomeiam os porcos como seus representantes, e criam um governo - denominado Animalismo - que possui como base as leis chamadas de Os Sete Mandamentos. Porém, ao longo da trama, essas regras são alteradas de acordo com a vontade dos porcos.

Conforme a fazenda vai se desenvolvendo, os suínos começam a ficar cada vez mais parecidos com o antigo dono: andando sobre duas patas, usando chicotes, vestindo-se, bebendo álcool, fumando e matando seus opositores. Podendo, assim, perceber que o opressor muda, mas o ciclo de opressões permanece.

É incrível perceber como alguns dos personagens podem ser comparados com pessoas reais. Napoleão é um retrato de Stálin, assim como Bola de Neve é de Trotsky, e por esse motivo, a obra não teve seu valor reconhecido na época, já que nenhum jornal ou governo queria divulgar algo que se opunha contra a Rússia, que tinha como aliadas as duas maiores potências, a Inglaterra e os Estados Unidos.

O livro ganhou uma adaptação em desenho animado em 1954, financiado pela CIA, e um filme em 1999, ambos possuem alterações, não se mantendo fiel a obra em algumas partes. O primeiro foi feito em forma de desenho animado, e tinha como intuito incentivar as crianças contra o comunismo, de forma implícita, claro.

Vários são os motivos para ler essa obra incrível, um deles é o fato de ser uma forma fácil de entender o cenário da Revolução Russa, outro é o fato de ter sido escrito por um jornalista conhecido da época, que, devido ao seu engajamento nas questões políticas, teve que persistir para ter seu trabalho publicado, além do teor crítico abordado, que pode ser ilustrados nas citações abaixo.

“A vida do animal é feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua. Será isso, apenas, a ordem natural das coisas? Será esta nossa terra tão pobre que não ofereça condições de vida decente aos seus habitantes?”

“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros.”

“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”

 
Editado por Leonardo Benedito.

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