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27/03/2020 às 10h29min - Atualizada em 27/03/2020 às 10h29min

Fahrenheit 451 - Um reflexo da realidade!

A censura aos livros persiste em tempos diversos e sociedades distintas

Talyta Brito - Editado por Rafael Campos
@benett_
Em 1953, o escritor norte-americano, Ray Douglas Bradbury, apresentou ao mundo por meio da obra “Fahrenheit 451” uma sociedade distópica onde possuir livros configurava-se crime. Inicialmente, a ideia assusta. Entretanto, uma análise criteriosa da história humana permite averiguar que a ficção apenas imita a realidade. Em tempos diversos e sociedades distintas, a censura, expressão oriunda do latim, que quer dizer, “ ação de controlar qualquer tipo de informação” aparece.
 
A Inquisição Espanhola, também conhecida como Tribunal do Santo Ofício, entidade que tinha por objetivo manter a ortodoxia católica em seus territórios, ateou fogo em 5.000 manuscritos árabes, no ano de 1499, na cidade de Granada. Na Alemanha, o dia 10 de maio de 1933 ficou marcado como o ápice da perseguição nazista à literatura. Na ocasião, livros considerados contrários a ideologia nazista foram queimados.
 
Se tratando do Brasil, estima-se que, mais de 1,8 mil exemplares de “Capitães da Areia” foram queimados na cidade baixa de Salvador, por decreto do Estado Novo. A obra de autoria do escritor baiano Jorge Amado, tece uma crítica à desigualdade social ao retratar a vida de meninos em situação de rua. Outro livro vítima da censura foi “Menino de Engenho”, romance regionalista que descreve a crise do Nordeste canavieiro, de José Lins do Rego.
 
A Bienal do Rio de 2019, entrou para a história como mais um atentado a liberdade de expressão. Por ordem do prefeito Marcelo Crivella, fiscais visitaram os stands com o intuito de evitar “conteúdo impróprio”. Através de sua conta pessoal no twitter ele anunciou que mandou censurar exemplares da história em quadrinhos “Vingadores – A cruzada das crianças”. A HQ possui ilustrações de dois rapazes se beijando. Em vídeo, Crivella declarou “ livros assim precisam estar embalados em plásticos preto e lacrado e, do lado de fora, avisando o conteúdo. Portanto, a Prefeitura do Rio de Janeiro está protegendo os menores da nossa cidade”.
 
No 1º trimestre de 2020, o governo de Rondônia encaminhou um memorando para às coordenadorias Gerais de Educação do Estado solicitando a recolhida de 43 obras das bibliotecas públicas alegando “conteúdo inadequado às crianças e adolescentes”. Entre os livros censurados estavam obras de Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas), Nelson Rodrigues (“A Vida Como Ela É” e “O Beijo No Asfalto”), Carlos Heitor Cony (“O Seminarista” e “Mil e Uma Noites”) e dezoito obras de Rubem Fonseca.
 
Diante dos fatos apresentados, é notório as constantes repressões que a literatura vem sofrendo. O motivo pode ser explicado: “ler cura a doença mais perigosa do mundo, a ignorância”. O desfecho de “Fahrenheit 451” é consolador e traz esperanças. Ainda que haja uma destruição maciça dos livros, o conhecimento se mantém vivo por meio dos leitores. A literatura resiste!

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