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12/04/2019 às 10h23min - Atualizada em 12/04/2019 às 10h23min

Policiais ainda sofrem com preconceito e falta de apoio dentro das corporações

Agentes afastados por problemas psicológicos desenvolvidos no ambiente de trabalho, não tem apoio e tratamento adequado

João Marques
AP Photo Carson Gardiner
Os profissionais das grandes cidades que estão sempre em combates e rotinas sob forte estresse, falta de reconhecimento da sociedade e atrasos nos salários em alguns estados, sofrem com alguns problemas de saúde. Algumas vezes físicos, outras com o desenvolvimentos de transtornos mentais.

Muitos quando se afastam de seus trabalhos, sofrem ao retornarem após o tratamento, pelos seus colegas de farda e também por seus superiores. Isso porque o afastamento por motivos psicológicos, como crises de ansiedade, transtornos, depressão e tentativas de suicídios, ainda não é visto como um problema sério de saúde que merece atenção e tratamento.

E os números de agentes de segurança pública que cometem suicídio só aumentam. Em São Paulo, por exemplo, 120 policiais militares cometeram suicídio entre 2012 e 2017, segundo levantamento da Revista Exame.

Mas o número pode ser ainda maior, segundo o Pesquisador de segurança pública, Paes de Souza: “Há muitos casos que não são notificados e muitos não buscam o tratamento psiquiátrico porque vão sofrer chacota no ambiente de trabalho. Serão chamados de covardes e fracos; os comandantes podem crer que eles estão enrolando para matar serviço, por exemplo. É um ambiente bem machista e de virilidade, em que não podemos assumir fraquezas. Eu fui treinado assim, com os trotes na academia, os trotes das unidades em que passei. Você é humilhado e tem que aguentar porque o bom militar aguenta, o guerreiro aguenta toda e qualquer violência e acha isso normal. Nos fazem achar que fomos feitos para isso, mas ninguém foi feito para isso. Quando a PM não assume que seus policiais têm problemas, a instituição está fechando uma panela de pressão vazia, sem água, que vai explodir um dia”, alerta Souza.

Segundo o Centro de Valorização a Vida (CVV), serviço gratuito de apoio à vida, não é possível ter um número aproximado de policiais militares que chegam a pedir ajuda pelo CVV. Isso porque as informações como idade e profissão, não são informados inclusive para garantir o sigilo do atendimento. A procura por ajuda pode ser feito de forma rápida e gratuito pelo telefone 188 através de todo o território nacional, site, através de chat, e-mail ou reuniões que acontecem em todo o país.

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