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03/04/2020 às 13h27min - Atualizada em 03/04/2020 às 13h27min

Brasil registra a marca de 30 milhões de animais abandonados

A equipe da ONG faz campanhas de adoção, já que seu foco é a reabilitação animal

Rute Moraes - Edição: Giovane Mangueira
Organização Mundial da Saúde (OMS) ; Instituto Petz.
Foto: arquivo pessoal Priscilla Lima

      O Brasil tem cerca de 30 milhões de pets abandonados, entre cães e gatos, de acordo com uma pesquisa publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os maiores motivos para o abandono animal são as ninhadas inesperadas, mudanças de casa, fatores econômicos, perda de interesse pelo animal entre outros. O país tem cerca de 370 ONG’s de apoio aos animais.

     A principal lei que protege os animais é a Lei Federal 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais: Art. 32 – Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. A pena prevista nesta é de 3 meses a um ano de detenção, além de multa. Para denunciar algum crime de abandono animal primeiro é necessário juntar provas e evidências. Pode-se utilizar o celular para tirar fotos e usá-las como provas durante a acusação, além de conversar com vizinhos que tenham presenciado os maus-tratos e abusos, pois eles podem servir de testemunhas para o julgamento. Em caso de abandono no trânsito, o ideal é anotar a placa do veículo. 

     Com as evidências em mãos, a denúncia pode ser feita por meio de diferentes órgãos. Em São Paulo, a delegacia mais procurada é a DEPA (Delegacia Eletrônica de Proteção Animal), mas, você pode registrar a ocorrência em qualquer delegacia, inclusive pelo site; Secretarias de Meio-Ambiente, denuncie por meio do contato de cada órgão regional; Ministério Público, os registros devem ser feitos pelo site, ou via telefone nas ouvidorias estaduais; e por meio do Conselho Regional de Medicina Veterinária, que só são válidas nos casos de maus-tratos cometidos por profissionais da área (veterinários). As denúncias podem ser feitas pelos canais de atendimento de cada órgão regional.

     Segundo o médico veterinário, Ygor Felipe Andrade, os animais quando são abandonados podem estar em inúmeras condições clínicas. Alguns exemplos são traumas, que muitas vezes são causados pela ação humana, podendo gerar edemas ou fraturas, doenças de pele por falta de limpeza e cuidados, desnutrição, desidratação entre outros.

    O tratamento inicial que deve ser feito após a avaliação clínica do animal, é estabilizar a sua condição. Ygor Felipe relata o caso que mais o marcou. Um cão abandonado que havia sofrido traumatismo craniano por falta de cuidados. “A ferida acabou infeccionando e criando miíase (mais conhecida como bicheira) no local. Foram tomadas todas as providências para a recuperação do animal e ao final do tratamento o animal estava 100% recuperado”, conta.

    A advogada e deputada estadual, Kitty Lima (CIDADANIA-SE), desenvolve um trabalho em uma ONG que atende pelo nome de “Anjos de Um Resgate”, a instituição realiza o resgate de animais, trata-os e logo em seguida disponibiliza para adoção. A organização existe há aproximadamente 7 anos e possui inúmeros animais resgatados, passando da marca dos 4 mil. Frequentemente, a equipe da ONG faz campanhas de adoção, já que seu foco é a reabilitação animal. A deputada conta que não são todos os animais que vão para a ONG. “Trabalhamos muito com lar temporário. Os animais que não possuem doenças, ficam em lares temporários para não correrem o risco de se contaminarem com outros”, conta. Para os que não estão em tratamento, a instituição realiza entrevistas com pessoas que estejam interessadas em adotá-los e acompanha a adoção. “Se o animal está saudável, a gente busca o lar feliz e a adoção final”, ressalta.

     A ONG pede para que os interessados assinem um termo se comprometendo a cuidar do animal até o fim da vida dele, com qualidade e amor. O indivíduo que adota deve ter certeza da adoção. A instituição procura sempre entregar os animais castrados para evitar reprodução, a não ser que o animal seja um filhote. Para os animais que estão em tratamento, esses só podem ser adotados assim que o tratamento se findar.

     Kitty conta que um dos resgates que mais a emocionou foi o do cachorro “Valente”. “Recebi um pedido de socorro. Ele estava extremamente machucado, cortado e as pessoas apedrejando. Ele estava quase desmaiando, subindo uma ladeira no sol quente, sem pelo nenhum, as unhas enormes, extremamente medroso e tornou-se até agressivo por isso”, relata.

     Kitty fez o resgate e ao chegar em casa todos desacreditaram que Valente sobreviveria. “No início levei muitas mordidas, mesmo assim nunca desisti de cuidar. O cão possuía uma doença: a leishmaniose calazar (trata-se de uma doença parasitária, que é transmitida pela picada de um mosquito infectado. Com o passar do tempo, Valente foi melhorando e eu mesma o adotei, e hoje ele é meu filho”, conta.

Editora-chefe: Lavínia Carvalho

 
 
 

 


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