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20/04/2020 às 17h27min - Atualizada em 20/04/2020 às 17h27min

Wes Anderson surpreende em 'O Fantástico Sr. Raposo'

Animação traz críticas sobre nossa própria natureza

Luhê Ramos - Revisado por Mário Cypriano
Cartaz do filme - Imagem: Divulgação
O Fantástico Sr. Raposo é uma animação bem falada por críticos cinematográficos. Adaptado do livro infantil homônimo de Roald Dahl (A Fantástica Fábrica de Chocolate), contém uma hora e meia de duração. Lançado em 2009, o filme que tem como personagens animais antropomorfizados, é um stop-motion dirigido por Wes Anderson. O filme estadunidense trata sobre assuntos como: relações familiares, o encontro com o próprio “eu”, além da natureza incontornável do personagem. 
 
Na história, o Senhor Raposo faz uma promessa para sua esposa de que deixará sua carreira, após deixa-los em situação perigosa durante o trabalho (roubar galinhas). Doze anos de raposa depois, Sr. Raposo é um colunista de jornal bem sucedido e, com isso, a família se muda para uma árvore nova. 
 
Eles agora são quatro: Sr. e Sra. Raposo, o filho Ash – um perdedor – e o primo Kristofferson (um hóspede), que não é bem-vindo por Ash por causa de habilidades esportivas, que o outro não possui. Pouco tempo depois da mudança, a promessa é quebrada: o Sr. Raposo volta a vida de roubos. Dessa vez ele não só coloca a vida da família em risco, como a dos novos vizinhos também.
 
A narrativa tem ganchos para algumas discussões. Por causa do antropomorfismo e sua construção, há cenas em que se esquece a real natureza dos personagens. Uma cena que serve de exemplo é quando o Sr. Raposo está engravatado, pronto para ir ao trabalho, e é servido pela manhã com um prato de panquecas feito por sua esposa. Neste momento ele devora o prato de comida.
 
Além de sermos “enganados”, por acreditarmos, pela forma que se portam, de que são humanos, devemos nos lembrar que na verdade são animais. O Sr. e a Sra. Raposo tentam negar sua própria natureza, e falham. Eles se deparam tentando agir de uma forma que não são, para depois entenderem onde está o erro. 
 
A primeira animação do diretor surpreendeu pela qualidade e por conseguir manter seu estilo e marca, mesmo em um gênero diferente. Sua parceria com Noah Baumbach culminou em um roteiro completo e rico. E as dublagens originais de George Clooney (como o Sr. Raposo) e Meryl Streep (Sra. Raposo) também merecem seu merito no conjunto da obra. Além da trilha sonora, de Alexandre Desplat, que foi indicado ao Oscar pelo trabalho.
 
Mesmo para o primeiro filme animado de Wes Anderson, o diretor não deixa a desejar em aspectos gerais. Existe ali um efeito artesanal, onde na direção e ajustes técnicos não há a tentativa de camuflar os contornos e movimentos para fazer com que pareçam reais, e sim o uso consciente de técnicas para que se perceba a natureza do filme. Uma obra bem feita e completa. 

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