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14/07/2020 às 08h17min - Atualizada em 14/07/2020 às 08h17min

Destacamento blood veio na hora certa

O filme tem uma imensa ligação ao movimento " Black Lives Matter"

Willian Xavier - Editado por Bárbara Miranda
Muhammad Ali, Martin Luther King e Malcolm X, sabe o que eles três têm em comum? Além de serem negros, ativista e eram totalmente contra a guerra do Vietnã e tinham como argumento uma guerra que não era deles, essa é a mesma ideia do diretor Spike Lee no seu novo filme, Destacamento blood (2019).
 
Uma das principais marcas do diretor é como ele aborda questões raciais, seja de uma forma mais leve como em "Faça a coisa certa" (1989) ou mais pesada como no aclamado filme "Infiltrado na Klan" (2018), que deu o primeiro Oscar ao diretor. E o seu novo lançamento veio em um momento certo, onde faz total ligação com o movimento " Black Lives matter".

Destacamento blood é um filme importantíssimo para o momento atual que estamos vivendo. O longa começa mostrando uma série de notícias antigas dos anos 60 e 70, que infelizmente poderia passar em um telejornal hoje em dia e ninguém iria estranhar. 

O filme conta a história de 4 amigos que lutaram juntos na guerra do Vietnã e depois de um certo tempo voltam ao país onde escondem um tesouro, e o corpo de seu amigo e antigo comandante Stormin' Norman, ( Chadwick Boseman) . O grupo também é composto por Otis ( Clarke Peters), Melvin ( Isiah Whitlock), Eddie ( Norm Lewis) e o Paul ( Delroy Lindo) o grande destaque do longa, nesse grupo também contém o filho de Paul, David ( Jonathan Majors).

Depois de sermos introduzido aos personagens principais, o diretor escolhe contar um pouco do passado desse grupo na guerra, mostrando como cada um pensava e como o comandante do pelotão era um homem de personalidade forte e totalmente contra aquela guerra. O diretor escolheu fazer esses flashbacks de uma forma bastante criativa tanto no roteiro como na parte técnica trazendo a tela para o formato 4:3 ficando tela reduzida, nos momentos do presente o filme tem a tela toda preenchida. Mais o que chama mais atenção é o fato de Lee ter escolhido manter os atores do presente, sem recurso qualquer de tecnologia que os tornem mais novos.

Outro acerto do filme é a fotografia no passado remetendo aquelas antigos filmes de guerra como "Apocalipse Now" (1979) e "Rambo" (1982), com cores mais forte e quentes, e no presente cores mais frias.

Mas o ponto alto do filme é quando faz a crítica de como os negros foram visto nessa guerra, trazendo dados e fatos sobre a população negra nos Estados Unidos que eram um pouco mais de 11% naquela época, mas lutando na guerra, eram 32%. 

O filme de Lee tem forte ligação com o movimento " Black Lives Matter", pois o próprio diretor exige de maneira contundente que todas as vidas negras importam, sendo elas no passado lutando em uma guerra que não é delas ou no presente onde negros lutam todos os dias contra a opressão policial. 

O diretor traz um filme forte, um verdadeiro soco no estômago, principalmente para os americanos que se vangloriam com as guerras que o país participou. E deixando vários questionamentos como que o inimigo está dentro de casa, como podemos acabar com o racismo. Ele também faz um paralelo incrível entre o mundo nos anos 60 e hoje em dia, deixando para o telespectador refletir ao acabar o filme se o caminho que estamos seguindo é o correto.


REFERÊNCIA 

ROSSINI, Fábio. "Destacamento Blood (Netflix): Impecável, necessário e contemporâneo”. Disponível: < HYPERLINK https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/579373/critica-destacamento-blood-netflix-2020-impecavel-necessario-e-contemporaneo/ >. Acesso em 25/06/2020.
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