A importância de ter animais por perto durante a pandemia

O isolamento social foi adotado no Brasil como uma medida de contenção do novo coronavírus, o SARS-CoV-2. Houve uma nova organização na vida das pessoas, que precisaram articular-se dentro de suas casas. Mas, mesmo com todas as incertezas deste período, a companhia dos animais de estimação têm ajudado os donos a passarem por este momento de incertezas de uma maneira mais leve.

A antiga rotina que obrigava as pessoas a passarem grande parte do tempo fora de casa foi invertida para que elas, justamente, ficassem em suas casas. Sendo assim, o tempo para aproveitar com os bichinhos ficou maior, assim como a conexão e apoio entre os humanos e seus pets.

“Eles ficavam sozinhos o dia todo antes da pandemia e no começo, acho que eles estranharam bastante, já que do nada eu e minha mãe passamos a ficar 24 horas por dia em casa”, conta Laís Rodrigues, estudante de jornalismo que agora passa o tempo inteiro junto com seus dois gatos. “Está sendo essencial ter eles por perto, não fico no tédio nunca. Eles são minha companhia, parecem sombras, não sei o que seria de mim sem eles”.

De acordo com a psicóloga Juliana Prado, o ser humano criou a necessidade de afeto neste período. “O isolamento fomentou a carência humana de afeto e a proximidade com outras pessoas. Estar em isolamento com o seu animal é, de fato, nunca estar sozinho”, comenta.
 
Necessidade de criar uma rotina

Juliana é dona de seis gatos e ressalta que é importante manter a rotina dos bichinhos. “Além de você, existe outro ser ali com outros horários, outra rotina de alimentação, sono, brincadeiras”. Manter uma rotina pode ajudar a sentir mais útil neste período.

Para Paulo Pereira, psicólogo e estudante de jornalismo, é isto que ocorre com suas quatro gatinhas em casa. “A simplicidade da forma como elas encaram a vida, suas necessidades reais - e não as fictícias que inventamos - nos ensinam a passar pelas dificuldades como esta de modo mais sereno e esperançoso. Fora o ocupar-se em cuidar delas. Limpeza, atenção, alimentação. Ocupados com coisas úteis, somos mais humanos”.



Mesmo curtindo passar bastante tempo em casa, Paulo revela que com suas gatas este tempo torna-se melhor aproveitado. “Estar com elas é, sem dúvida, o que ajuda a passar o tempo, não pensar besteiras e seguir na quarentena. Ainda que para mim, ficar em casa não seja ruim", afirma.
 
Cuidado em forma de amor

A companhia de um animal de estimação é diferente da de qualquer ser humano. Com eles há uma relação puramente baseada no companheirismo e amor. Eles são dependentes dos nossos cuidados e requerem muito amor e atenção. Para a psicóloga, “o isolamento social me fez repensar sobre o bem estar deles e o que posso tentar fornecer para melhorar, pois, de certa forma, eles estão em isolamento todos os dias; eles fazem parte da minha vida por alguns anos, mas eu estarei na vida deles por todos os dias”.

A estudante de veterinária Rafaella Cristye, que tem três cachorros em casa, também utiliza da companhia dos pets para ajudar neste momento complicado. “Eu acho que animais sempre melhoram tudo, quando eu estou me sentindo ansiosa ou com medo de quando isso vai passar, saio da porta e já vejo três pares de olhinhos manhosos me olhando como se entendessem tudo. Ajudam sem nem saber como, minha terapia da quarentena”.

Segundo a estudante, os animais conseguem perceber as emoções dos donos por isso entendem nossas variações de humor. "Os meus ficam no quintal porque são enormes e qualquer barulho que a gente faça na casa é um choro que a gente escuta de 'vem fazer carinho em mim' e isso com certeza não é pra agradar só a eles” relata.


 
Volta ao 'novo normal'

Quando este momento passar, restarão os aprendizados e diversões que a convivência com o animal trouxeram. No momento de readaptação a rotina corrida, a saudade de ficar mais tempo com os bichinhos em casa vai ser constante. Por isso, a psicóloga Juliana Prado aconselha: “a única dica que posso dar é: aproveite ao máximo cada minuto com o seu pet; porque quando tudo isso passar, você e ele vão sentir falta da companhia um do outro!”.