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26/04/2019 às 03h12min - Atualizada em 26/04/2019 às 03h12min

Roda das Deusas: um reencontro com o Sagrado Feminino

Encontros mensais discutem os arquétipos femininos das Deusas Gregas e como aplicá-los

Jaci Lira
Foto/Reprodução: portalluzdoamor.blogspot.com

É crescente a quantidade de mulheres à procura por espaços que promovam conexão, autocuidado e autoconhecimento. Mulheres de diversas idades, formação e até mesmo classe social, recorrem a estes ambientes como forma de cuidar mais de si mesmas ou para aprender a se entender, de maneira que consigam ter uma aplicação positiva em suas vidas pessoal e profissional. Um forte exemplo desta busca, são as rodas ou círculos de mulheres, inspiradas na ancestralidade e que têm como objetivo resgatar o chamado “Sagrado Feminino”.

Em Maceió, acontece a Roda das Deusas, um projeto junto ao Núcleo de Saúde Pública (Nusp) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Com encontros mensais, que acontecem a cada Lua crescente ou cheia, devido à sua vibração energética, durante o último ano, o grupo de estudos tem se reunido para percorrer o livro A Deusa Interior de Jennifer B. Woolger e Roger J. Woolger. A obra trata-se de uma pesquisa realizada pelos autores sobre “A psicologia da Deusa” e mostra como aplicar tal questionamento na vida moderna, de maneira a enriquecer o autoconhecimento.

Divulgação da Roda das Deusas do mês de abril. Foto: Reprodução/Instagram @femininoflorescendo .

Divulgação da Roda das Deusas do mês de abril. Foto: Reprodução/Instagram @femininoflorescendo .

Divulgação da Roda das Deusas do mês de abril. Foto: Reprodução/Instagram @femininoflorescendo .

A educadora social e terapeuta holística, Anne Kellen, é a facilitadora do círculo feminino há quase 8 anos. Alagoana, filha mais velha de cinc irmãs, dedica seu tempo à família, ao trabalho na Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos do Estado de Alagoas (SEMUDH), além de mediar a Roda das Deusas mensalmente, grupo que surgiu através de sua busca pessoal por conexão. “Eu percebi a necessidade de a mulher estar junto uma da outra sem necessariamente vivenciar estereótipos. Eu queria que elas viessem e falassem sobre culturas diferentes e passassem a fazer reflexões”, explicou Anne.

A dinâmica dos encontros consiste em leitura de textos para reflexão, como um trecho do livro estudado referente à Deusa Grega trabalhada naquele mês, troca de relatos pessoais através de identificação com os arquétipos da Deusa estudada, meditação, estímulos olfativos através de óleos essenciais e tarô.

Para Francielle Alves, frequentadora da Roda das Deusas desde o início, é muito significativo comparecer e fortalecer estes espaços femininos, além de a proposta do Sagrado Feminino ser especial, por resgatar espaços de acolhimento que não são encontrados no cotidiano. “Temos muitos cursos de oratória, espaços para exibição, mas poucos espaços para escuta”, afirmou.

De forma gratuita, com os encontros realizados na Ufal, a Roda das Deusas atende à mulheres que estão no campus, mas é aberta para as que estão fora do ambiente acadêmico e queiram participar. Segundo Anne, o propósito é oferecer para as mulheres um local em que elas possam vivenciar a conexão que desejam sem precisar ir à uma floresta ou pertencer a uma religião específica. “A mulher perdeu essa conexão, a gente foi separada porque em algum momento da história disseram que muita mulher junta não era bom. Mas a nossa energia, nossa natureza, tudo em nós, quando estamos juntas, faz com que a gente consiga crescer”, completou.

A formanda em Psicologia pela Ufal, Nara Lima, disse que os encontros são de muita importância devido ao momento de reflexão, desconstrução e conexão com o “eu universal”, representado pelos arquétipos femininos estudados. Para ela, participar da Roda foi muito significativo, além de sentir-se parte das mulheres presentes. “Me reconheci em vários depoimentos. Foi gostoso saber que não estou sozinha no mundo, sentindo, amando e sofrendo. Todas nós somos uma só”, concluiu Nara.

Durante os quase 8 anos como facilitadora da Roda, Anne viu mulheres que perceberam estar em relacionamentos abusivos e conseguiram sair deles após participarem dos encontros. “O círculo em si não é uma sessão de terapia, mas é um mobilizador terapêutico, fazendo você buscar recursos ao perceber que está vivenciando um problema e que precisa de ajuda”, finalizou.

O ambiente intimista e acolhedor oferecido pelas rodas de mulheres, passam a ser tão capazes de representá-las e ajudá-las em momentos de vulnerabilidade, quanto os movimentos de militância política-feminista, que, por possuir diversos recortes, não conseguem representar a pluralidade presente em cada mulher.


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