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15/08/2020 às 07h49min - Atualizada em 15/08/2020 às 07h51min

Medidas para a retomada dos cinemas no Brasil

Liderada pelo movimento Juntos pelo Cinema, indústria começa a estabelecer diretrizes para o retorno das atividades

Ricardo Accioly Filho - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte: Reuters / Reprodução: Yahoo Entertainment
Após o mercado de cinemas no Brasil experimentar um aumento de 7,6% no número de ingressos vendidos, em 2019, as expectativas eram altas em relação a 2020. No entanto, a pandemia da Covid-19 derrubou qualquer margem de sucesso para a temporada com uma retração econômica depois da suspensão das atividades do setor como medida de contenção á proliferação do vírus SAR-CoV-2 e o adiamento dos lançamentos das produções.
Como efeito, capitaneada pela Netflix, a indústria de streamings alcançou números expressivos de março até agosto, com um aumento de 166% no lucro líquido em relação ao mesmo período do ano passado. Para conter o prejuízo e desacelerar o crescimento das plataformas on demand, exibidores, distribuidores e produtores de cinema criaram o movimento Juntos pelo Cinema.


A iniciativa visa atuar em dois processos: no auxílio às empresas para que se adequem às medidas de convivência com o vírus e no incentivo ao público para que sigam recomendações dos órgãos de saúde. Dessa forma, o objetivo é padronizar os protocolos para a retomada gradual das atividades nos estados brasileiros. Entre as diretrizes estabelecidas pelo Juntos pelo Cinema se encontram estabelecer um intervalo maior entre as sessões para facilitar no procedimento de sanitização dos lugares. Além de redução do número de poltronas nas salas e o distanciamento de um metro e meio entre elas. Ainda, lanterninhas ficarão postados nas sessões para verificarem descumprimentos.



Para incentivar a adesão do público, promoções de ingressos devem ser feitas e a medição de temperatura dos funcionários. Para além disso, como já obrigatório, funcionários e clientes deverão utilizar máscaras para permanecerem nos locais de exibição. Acontece que o emprego dessas medidas terá um custo para as empresas que, inevitavelmente, será repassado para o consumidor devido as consequências de cinco meses de fechamento das atividades.

Segundo pesquisas do movimento Juntos pelo Cinema, 75% dos jovens brasileiros tem o cinema como um dos hábitos prioritários para a fase pós-pandemia. Desses, 80% afirmaram que manterão ou até aumentarão a frequência nas salas de exibição assim que for liberada as atividades. Sendo uma medida de fácil solução a retomada das exibições. No entanto, algo que ainda encontra resistência por parte dos governos estaduais.

Em São Paulo, líder nesse processo, o governo do estado autorizou a reabertura dos cinemas a partir de 27 de julho, mas a prefeitura impediu, gerando protestos dos exibidores. Entre as contestações, a obrigatoriedade de vendas on-line e o funcionamento por apenas seis horas por dia. Já em Manaus, os cinemas devem reabrir em setembro, apesar da liberação governamental desde julho. Pois, mesmo com a medida, a adesão das redes foi baixa, estando em funcionamento apenas espaços de circuito alternativo, como o Casarão de Ideias, que reduziu o número de poltronas, distanciou as cadeiras e realiza higienizações à base de ozônio a cada intervalo entre as sessões. Da China pode vir algumas práticas a serem adotadas no Brasil, como restrição à 30% dos assentos comercializados, redução para metade da jornada de exibição e apenas filmes com menos de duas horas podem ser executados.




Apesar disso, há outro problema para a retomada das atividades dos cinemas: o calendário de lançamentos. A princípio, no curto prazo, sem estreias à caminho, as redes e exibidores que quiserem reabrir após autorização governamental terão que encontrar meios para atrair o público.

Seguindo o adotado pelos cinemas Drive-In, as apostas devem recair, no primeiro momento, a exibição de filmes clássicos, como algumas redes já trabalhavam, mesmo na fase anterior a pandemia. Outra saída é investir em lançamentos de filmes em DVD e a comercialização por delivery de alimentos costumeiramente consumidos nos locais. Para além, pode se buscar uma parceria com redes de streaming para exibição de filmes.

Por fim, em alguns estados não há nem indicativo de previsão de reabertura das salas, apesar de constarem nos planos graduais de retomada das atividades econômicas. Em Minas Gerais, Distrito Federal e Pernambuco há um planejamento, mas sem o real controle da doença, no curto prazo, os cinemas continuarão fechados. Vale ressaltar que até esta sexta-feira (14), o Brasil já registrou mais de 100 mil mortes pela Covid-19 e mais de três milhões de casos confirmados, sendo o líder no número de casos no Mundo.

 
REFERÊNCIAS:
RÊGO, J. Como será a volta dos cinemas em Pernambuco? NE10. 07 de ago. 2020. Disponível em: <https://jc.ne10.uol.com.br/cultura/2020/08/11960254-como-sera-a-volta-dos-cinemas-no-recife.html> Acesso em: 12 de ago. de 2020.

MATOS, T. Cinemas de volta: como as sessões e salas vão se adaptar para a reabertura. G1. 21 de jul. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2020/07/21/cinemas-de-volta-como-as-sessoes-e-salas-vao-se-adaptar-para-a-reabertura.ghtml> Acesso em: 12 de ago. de 2020.

PIVA, G. Reabertura dos cinemas é marcada por insegurança e instabilidade. CORREIO DO POVO. 25 de jul. 2020. Disponível em: <https://www.correiodopovo.com.br/arteagenda/reabertura-dos-cinemas-%C3%A9-marcada-por-inseguran%C3%A7a-e-instabilidade-1.455536#:~:text=Os%20cinemas%20do%20Brasil%2C%20fechados,segunda%2Dfeira%20(27).> Acesso em: 12 de ago. de 2020.

SACCHITIELLO, B. As dificuldades e perspectivas da reabertura dos cinemas. MEIO & MENSAGEM. 16 de jul. 2020. Disponível em: <https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2020/07/16/as-dificuldades-e-perspectivas-da-reabertura-dos-cinemas.html> Acesso em: 12 de ago. de 2020.

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