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26/04/2019 às 13h02min - Atualizada em 26/04/2019 às 13h02min

Sobre ser jornalista e afins

Cecile Mendonça - Editado por: Millena Brito
Reprodução: nocolodamae.com
É inexplicável a felicidade e a realização de ter um filho. Há uma semana, ele completou 5 anos e eu só consigo pensar no quanto tudo foi rápido.  

Parece que até ontem ele não conseguia dizer uma palavra sequer, e hoje me enche de perguntas.Inclusive, quantas perguntas.
 
Tudo é motivo de dúvida quando ainda se está descobrindo o mundo. "Por que o céu é azul?". " Por que tem mar azul, verde e alguns até marrons?". "Como que eu nasci?" E geralmente, eu até consigo dar boas respostas. O que faz bem para o meu ego, não nego. Às vezes é bom se sentir superior intelectualmente – não que isso seja difícil de sentir diante de uma criança.

Mas em meio a esse mar de perguntas que recebo do meu filho, acabou surgindo um questionamento dele que eu não consegui responder.
"O que é ser jornalista?".

Me vi confuso. Em silêncio sem saber muito o que responder, disse que estava cansado e que iria tomar um banho para dormir.
E assim, dormi pensando nisso. Acordei pensando nisso. Tomei banho pensando nisso. Passei o meu café da manhã refletindo sobre isso. Fui dirigindo ao trabalho martelando isso. Trabalhei o dia inteiro com a mente nisso. Que dor. Sou jornalista há 8 anos e ainda não sei o que sou.
Quanta ironia.
Fui à padaria perto da minha casa como de costume depois do trabalho, comprar o famoso pão francês para comer a noite. Mas dessa vez, conheci uma senhorinha que por algum motivo ou ironia do destino me escolheu para contar sobre as mazelas de sua vida. E eu, como bom ouvinte, ouvi.

Para minha surpresa, não era uma história qualquer. A conversa rendeu e chegamos até a sentar no estacionamento. E quando ela teve de ir, pois já passavam das dez da noite, eu percebi.
Isso é ser jornalista.

É ouvir quem muitas vezes não tem com quem falar.
É dar às pessoas informação.
É dar voz a quem não sabia que poderia falar.
É fazer gestos diminutos, invisíveis, trabalhando no antônimo da evidência.
É viver no avesso da importância dando lugar no pódio a outras pessoas.
É conhecer, reconhecer, incluir, resgatar.
É se emocionar ao falar de sua profissão a ponto de ser incapaz de terminar esse texto, pois o choro não permite.
Ao Jornalismo, meus mais sinceros agradecimentos. Obrigada.

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