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03/05/2019 às 22h56min - Atualizada em 03/05/2019 às 22h56min

A catedral que desabou, mas não morreu

Letícia Agata Nogueira
Pinterest
Em 15 de abril de 2019 o mundo observou a tragédia que afetou uma das catedrais mais visitadas da Europa: a Catedral de Notre-Dame. Às 18h50 em Paris (13h50 em Brasília), aproximadamente, houve o início de um incêndio na parte superior da igreja, o qual acabou se alastrando rapidamente e causou o desmoronamento do telhado, além da “agulha”, que é a torre mais alta da catedral, e uma parte da abóboda. De acordo com as autoridades, o incêndio pode estar ligado às obras que estavam sendo feitas no telhado. 
 
No horário do ocorrido, Notre-Dame estava nos últimos minutos de uma missa. Os fiéis foram retirados calmamente do templo e o local foi isolado pela polícia. A tragédia deixou apenas um ferido, sendo um dos 400 bombeiros que trabalharam mais de quatro horas para conter as altas chamas. O incêndio foi declarado sob controle por volta das 03h de Paris (22h em Brasília) e durou 12 horas no total.


Foto: site DW
 
Andre Finot, porta voz da catedral, informou que no setor da "charpente” um quadro construído entre o século 13 e 19 foi queimado completamente. O jornalista Nicolas Delesalle, da revista francesa Paris Match declarou que todas as obras de arte foram salvas, além de parte do acervo. Os 15 quadros que restaram no interior de Notre-Dame não foram danificados e foram levados na sexta-feira (19 de abril), ao Museu do Louvre, onde ficarão durante o período de restauração da catedral.
 
O ocorrido afetou a população francesa e o mundo. Emmanuel Macron, presidente da França se manifestou no twitter:
 
"A catedral Notre-Dame vítima das chamas. Emoção de toda uma nação. [Envio] pensamentos para todos os católicos e todos os franceses. Como todos os nossos compatriotas, estou triste esta noite de ver queimar essa parte de nós".
 
Após isso, o presidente se pronunciou em frente à catedral, informando que o monumento será reconstruído e que lançará uma campanha internacional. Macron também elogiou o trabalho do corpo de bombeiros e fez um discurso de esperança a todos. 
 
Bilionários e doadores se mobilizaram para contribuir com a restauração de Notre-Dame. Um dos contribuintes é Bernard Arnault, juntamente com o grupo LVMH, especializado em produtos de luxo. A doação será de 200 milhões de euros (aproximadamente R$875 milhões). A família Bettencourt Meyers, sócia da L’Oreal, prometeu doar a mesma quantia. O grupo de moda Kering anunciou a doação de 100 milhões de euros (aproximadamente R$437 milhões) e a empresa de energia, conhecida como Total, estará contribuindo com o mesmo valor que a Kering.
 
Além dos citados, a prefeita Anne Hidalgo informou que a cidade de Paris doará 50 milhões de euros (aproximadamente R$218,5 milhões) para a reconstrução e a região de Ile-de-France ajudará com dez milhões de euros (aproximadamente R$43,7 milhões).
 
A catedral de Notre-Dame levou 180 anos para ser construída, tendo sua data inicial em 1163 e final em 1345. A decisão para a edificação veio do bispo de Paris conhecido como Maurice de Sully e foi erguida em homenagem a Nossa Senhora. A construção gótica possuiu quatro fases, mas os nomes de seus arquitetos iniciais se perderam com o passar dos anos.

 Foto: Letícia Agata Nogueira

Notre-Dame já enfrentou um saqueamento, além de quase ter sido demolida no período da Revolução Francesa. Nesse período a catedral se transformou em um templo no qual foram celebrados o culto à razão e o culto do ser supremo, os quais eram religiosos com surgimento na época revolucionária. A partir do governo de Napoleão Bonaparte, em 1801, a construção passou a celebrar novamente os cultos católicos.
 
O local foi muito visitado por cavaleiros medievais, que rezavam em busca de proteção para as Cruzadas que fariam. Em 1431 o inglês, Herique 6o, foi coroado rei da França ainda criança e em 1804, Napoleão foi coroado imperador. A catedral fez parte do nascimento de 80 reis, dois imperadores e cinco repúblicas, e celebrou missas e funerais de Charles de Gaulle, Georges Pimpidou e François Mitterrand. Em 1920 Joana d'Arc, personalidade que participou da Guerra dos Cem Anos e liderou tropas, foi beatificada na Catedral.


Foto: site Incrível


Foto: Letícia Agata Nogueira

Foto: Letícia Agata Nogueira


Foto: Letícia Agata Nogueira

O interior do local tinha um famoso conjunto de vitrais, conhecidos como rosáceas, que recriavam histórias bíblicas, além de abrigar artefatos históricos, incluindo manuscritos e objetos medievais, bem como inúmeras obras de arte e um órgão musical do século XVII. A Catedral é conhecida por ter guardado um pedaço da cruz em que Jesus foi crucificado e sua suposta coroa de espinhos, que é considerada uma das relíquias, juntamente com a de Saint Denis, Saint Genevieve e o galo no alto da torre central, simbolizando o país dos gauleses. 

Foto: site O Mensageiro

Notre-Dame possui um telhado de madeira, composto por mais de 1300 madeiras de castanheiros, equivalendo cerca de 24 hectares de floresta. Como toda igreja católica, a famosa edificação tem um sino de 13 toneladas que foi restaurado no século XVII e é chamado Emmanuel.
 
As estátuas da fachada remetem cenas bíblicas, destacando o portal central, conhecido como o portal do Último Julgamento, no qual Jesus Cristo representa o peso das almas. Atualmente a catedral recebe cerca de 13 milhões de turistas, sendo considerada uma das catedrais mais visitadas do mundo e foi a mais importante em meados do século 19. Apesar do incêndio, o local continua sendo amado e jamais morrerá no coração da França e do mundo.
 
Confira abaixo imagens de Notre-Dame:


Foto: site Bem in Paris


Foto: LetÍcia Agata Nogueira


Foto: site Segredos de Paris


Foto: Letícia Agata Nogueira

Editado por Raiane Duarte
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