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31/10/2020 às 17h23min - Atualizada em 31/10/2020 às 15h33min

Bolsa de Valores se torna popular no Brasil

Estamos presenciando nos últimos anos, um processo de popularização no país. Veja os motivos para esse acontecimento

Leonardo Leão - Editado por Ana Paula Cardoso
Crédito: Freepik

Nos últimos anos, os assuntos ligados à economia vêm ganhado força no debate público. O interesse da população em saber sobre a situação econômica do país foi um dos grandes motivos para esse acontecimento. Com isso, as pessoas passaram a consumir mais conteúdos voltados a economia, como textos em sites, blogs e vídeos no YouTube. Outro resultado importante foi o aumento no número de pessoas investindo na bolsa de valores.

Ela existe no Brasil desde 1890, mas nunca viveu um momento como o que está situada atualmente. Existe um claro processo de popularização do mercado financeiro no país, os brasileiros estão investindo mais do que em qualquer outro momento da nossa história e existem alguns fatores para esse cenário incomum.

No inicio do mês de outubro, a bolsa brasileira alcançou o numero de três milhões de investidores pessoas físicas, um aumento de 112,6% no índice anual. Uma explicação para esse aumento seria a baixa histórica da rentabilidade da taxa de juros Selic, forçando os investidores a procurarem por outras opções de ativos. Para o CEO da PRECISO Investimentos, Renato Vieira, isso não se trata de popularidade e sim de falta de alternativas. Em sua opinião, as mídias sociais e o aumento no acesso a informação por parte da população, também são responsáveis por essa sensação de popularidade.

 Outro fator principal é o crescimento dos bancos digitais no país. A facilidade oferecida por esses aplicativos aumentou o acesso das pessoas ao mundo do mercado financeiro. As baixas tarifas cobradas por eles somadas ao incentivo de evitar a poupança fizeram com que os usuários optassem por diversos tipos de investimentos. O mercado dos bancos digitais já alcançou algumas grandes redes de lojas que já possuem suas próprias marcas. Para Renato, a concorrência no setor favoreceu o processo de popularização.

O analista financeiro Guilherme Neves cita algumas estratégias de marketing, como o cash-back e o caso da plataforma do Banco Inter, como meios que contribuíram para o acesso ao ambiente de negociações. Ele também destaca o papel da mídia não especializada nessa popularização, ela foca sua atenção nos finais dos ciclos de alta, gerando um aumento da presença de pessoas físicas na bolsa durante esse período.

Ainda tem muita coisa para melhorar, mas o Brasil está no caminho certo. Devido à falta de conhecimento, 99% dos brasileiros ainda investem através dos bancos e apenas 1% utiliza as corretoras. Uma realidade totalmente diferente dos americanos, em que 90% da população aporta pelas corretoras de valores e somente 2% utilizam os bancos, o restante aplica através de outros canais.

 As corretoras são as melhores opções para quem quer investir, afinal, elas oferecem acessória gratuita com profissionais certificados e entregam uma maior rentabilidade. Já os bancos, cobram altas taxas pelo serviço prestado e os seus gerentes são incentivados a gerar ainda mais ganhos para a instituição, causando prejuízos para o cliente.

Guilherme destaca a democratização dos veículos de acumulação e geração de riqueza como um ponto positivo dessa popularização. Mas também ressalta para a presença maciça de pessoas sem uma educação financeira básica e sem um planejamento financeiro adequado como pontos negativos nesse movimento. Segundo uma pesquisa realizada pela divisão de ratings e pesquisas da Standard & Poor’s, o Brasil ocupa a 74ª posição no ranking global de alfabetização da população em educação financeira.

O CEO da PRECISO Investimentos, Renato Vieira, diz que esse movimento é um dos pilares para uma sociedade mais rica e consciente em relação ao futuro e ao dinheiro. Mas também destaca os perigos de se aventurar sem conhecimento e os riscos de se acreditar nas dicas dos gurus da internet e a importância de uma ajuda especializada.

Para o analista Guilherme Neves, essa fase é passageira, quando chegar o final do mercado altista, a mídia não especializada deixará o assunto de lado e a atratividade da bolsa cairá. Entretanto, não voltará ao que era antes, as pessoas estão se educando cada vez mais financeiramente através das redes sociais e isso pode atenuar essa provável queda no número de investidores.

Já Renato acredita que se trata de uma tendência de mercado, destacando o montante que está investido em renda fixa e que em sua opinião, migrará para o mercado de ações.

 A realidade do país está mudando a passos curtos, mas já é possível ver diferenças. Em 2002 a B3 (Brasil Bolsa Balcão) registrou 85.249 investidores pessoa física, um número muito inferior ao atual. No primeiro semestre deste ano as corretoras de valores tiveram um aumento de 74% no número de clientes. Por outro lado, 60% da população ainda deixa seu dinheiro na caderneta de poupança, mas isso deve mudar nos próximos anos. Alguns investimentos podem acabar se destacando como uma forma de se proteger de uma provável alta da inflação.


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