Ricardo Accioly Filho - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte: Warner Bros.Pictures / Reprodução: Cinema Sim
Talvez, o cinema de suspense e terror viva uma nova fase de destaque após os sucessos da franquia Invocação do Mal, Hereditário e Corra!, inclusive, com este arrebatando o Oscar de roteiro original, em 2018. Nessa leva, uma nova franquia estará de volta, muito embora não tenha feito o sucesso destes. Lançado em 2009, A Orfã aterrorizou de crianças a adultos com a história da menina Esther, recém-adotada pelo casal Kate e John Coleman. No entanto, após levarem ela para casa, começam a desconfiar de estranhos acontecimentos que fazem parte da vida da menina que se torna mais misteriosa e intrigada, fazendo com que se acredite que Esther não é quem aparenta ser.
Apesar da bilheteria baixa, pouco menos de 80 milhões de dólares, A Orfã custou em torno de 20 milhões de dólares, o que o torna um sucesso já que arrecadou quatro vezes mais o seu preço. Além disso, a crítica embasada se dividiu ao ver potencial no longa, especialmente nos sustos e no humor sombrio. No entanto, é na sua última hora, especialmente no último ato, que desconstrói a premissa com sucessivos clichês do gênero. Embora isso seja notado, ainda é até hoje valorizado e lembrado por um público seleto. Inclusive, após o lançamento do filme em VHS, a obra ganhou um final alternativo mais favorável a protagonista.
Acontece que, 11 anos após o primeiro filme, Esther estará de volta em uma pré-sequência com foco na perspectiva da vilã. Na obra, chamada de “Orphan: First Kill” em inglês, ou “A Orfã: A Primeira Matança”, em tradução não oficial, conheceremos mais sobre o passado da menina quando ainda era Lena Klammer, que escapou de um manicômio russo e chegou aos EUA com uma nova identidade. A atriz Isabelle Fuhrman regressará ao papel principal, muito embora o longa seja produzido uma década depois e se passe anos antes do original. Para tanto, a produção utilizará uma combinação de filmagem em perspectiva forçada, sob a visão da atriz, e maquiadores especialistas em rejuvenescimento de atores.
Além disso, segundo o The Hollywood Reporter, o novo filme terá a direção de Willian Brent Bell, mente por trás do ainda recente Boneco do Mal, de 2016, e da sua continuação, agendada para este ano. Enquanto que David Coggeshall, de Evocando Espíritos 2, assina o roteiro. À época do lançamento, A Órfã recebeu críticas mistas, fechando sua passagem nos cinemas com 56% de avaliações positivas no agregador Rotten Tomatoes. As principais críticas negativas o tratavam como uma obra politicamente incorreta que explorava o temor de que crianças adotadas pudessem causar perigo às novas famílias.
Devido a isso, ao descrever uma criança adotada como assassina, a obra recebeu uma enxurrada de críticas pela comunidade de adoção. Inclusive, as manifestações contrárias renderam uma mudança em uma das falas da protagonista: “Deve ser difícil amar uma criança adotada, tanto quanto o seu próprio”, por “Eu não acho que a mamãe gosta muito de mim”. Ainda, nas novas versões em DVD, antes da reprodução do filme, a Warner exibe uma mensagem descrevendo a situação das crianças órfãs nos EUA e orientações que encorajam à adoção destas e de adolescentes pelo mundo. Algo também seguido pela Disney em muitas de suas obras clássicas com alguma temática considerada incorreta produzidas nas décadas passadas.
Com a volta de Vera Farmiga, atualmente no consagrado Invocação do Mal, e a adição de Julia Stiles, “Esther”, nome provisório, promete aterrorizar novamente com uma premissa crível e que anos depois encontrou base em fatos reais, antigos e recentes. Pois, até hoje, então em Indiana, ainda é duvidoso o caso de uma menina ucraniana de nove anos, que possa ter 22 anos, com nanismo, que ameaça as famílias em que é adotada. Em um exemplo onde ficção e realidade parecem se confundir, o certo é que a história segue amedrontando e impressionando o público, muito por isso terá sua continuidade... o que nos resta é aguardar para conhecer ainda mais sobre a misteriosa Esther e seu passado de terror e mortes.