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10/12/2020 às 21h40min - Atualizada em 10/12/2020 às 20h20min

Síndrome de Estocolmo

O afeto que nasce do cárcere

Thaís Cordeiro - Editado por Bruna Araújo
Fonte: Netflix
A Síndrome de Estocolmo, também conhecida como Vinculação Afetiva de Terror ou Traumática, teve seu nome criado pelo psiquiatra e criminalista sueco Nils Bejerot e trata-se de um estado psicológico criado por vítimas de abusos que desenvolvem afeto por seus raptores após prolongados períodos de intimidação.

Essa identificação afetiva surge do desejo da vítima de fugir emocionalmente da realidade violenta que foi submetida, alterando sua percepção pelo criminoso.

O termo foi utilizado pela primeira vez por Bejerot em 1973 que colaborou durante o sequestro de vítimas de um assalto a banco em Estocolmo, capital da Suécia, que foram mantidos durante seis dias em cárcere pelo ex - presidiário Jan Olsson e o criminoso Clark Olofsson. Após libertos, notou-se uma situação improvável, vítimas e sequestradores estabeleceram uma relação afetiva, surgindo assim a Síndrome de Estocolmo e sua notoriedade mundial. Uma das vítimas, Kristin Enmark, mesmo 40 anos após o sequestro, mantém contato com Olofsson e o considera um amigo.
 
De acordo com a psicanálise, pessoas que sofreram abusos por parte de familiares ou cuidadores durante a infância, podem desenvolver traços de sadismo e masoquismo em sua personalidade e estão mais propensas a sentirem afeição por agressores e sequestradores. Além disso, a Síndrome de Estocolmo surge como um mecanismo de defesa que a vítima desenvolve para lidar com a situação de medo e estresse.

Embora muito citada, a Síndrome não é reconhecida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou pela Classificação Internacional de Doenças (CID), não havendo pesquisas que indiquem que ela seja uma patologia.
 
A Síndrome de Estocolmo na ficção



Na ficção o debate acerca da Síndrome de Estocolmo já foi abordada diversas vezes e sobre diferentes óticas. Mais recentemente o tema voltou a discussão após o lançamento do filme “365 dias” da Netflix. No filme, o mafioso Massimo sequestra a personagem Laura e estabelece um prazo de 365 dias para que ela se apaixone por ele. O filme foi alvo de críticas, sendo acusado de romantizar o abuso psicológico e assédio.



Na famosa série “La Casa de Papel”, a Síndrome de Estocolmo pode ser observada no relacionamento entre os personagens Mónica Gatzambide e Denver. Após ter sido mantida refém por Denver, os dois iniciam um romance e ela passa a integrar o bando.



 
No clássico conto de fadas “A Bela e a Fera” a personagem de Bela se apaixona por seu raptor – a Fera – após um período de cárcere, o que também levantou debates sobre a presença ou não da Síndrome de Estocolmo na animação infantil.
 

Casos Reais

Patty Hearst

Em 1974, Patrícia Campbell Hearst foi sequestrada por um grupo terrorista americano. Neta de um magnata, tornou-se talvez o caso mais famoso da Síndrome de Estocolmo. Patty foi acusa de unir-se voluntariamente a seus sequestradores, vivendo com eles e passando a ser cúmplice dos assaltos que cometiam. Ela foi encontrada e libertada do cativeiro 1 ano e 7 meses após o sequestro. Neste período, já era considerada uma fugitiva procurada por ter cometido uma série de crimes.

Natascha Kampusch

A jovem austríaca foi sequestrada por um homem chamado Wolfgang Priklopil em 1998, aos 10 anos de idade, quando ia para a escola. Durante os 8 anos de isolamento, Natascha foi vítima de agressões e humilhações de teor físico, psicológico e sexual. Aos 18 anos, conseguiu escapar de seu cativeiro durante um momento de distração do sequestrador que, acabou por se suicidar quando descobriu que estava sendo procurado pela polícia. A jovem se referia ao sequestrador como uma pessoa gentil, demonstrava sentimentos de gratidão a ele por tê-la poupado de vícios, como bebida e cigarro, e de más companhias graça ao seu tempo no cativeiro, chegou  a dizer que chorou muito quando soube de sua morte.

 Referências

Psiquiatria Paulista, "Síndrome de Estocolmo: quando a agressão vira afeto". Disponível em: < https://psiquiatriapaulista.com.br/sindrome-de-estocolmo-o-que-e/ > Acessado em 08 de Dezembro de 2020.

Biologia Net, "Sindrome de Estocolmo" . Disponível em: < https://www.biologianet.com/curiosidades-biologia/sindrome-de-estocolmo.htm > Acessado em 08 de Dezembro de 2020.

Canal da Perícia, "Síndrome de Estocolmo: origem e casos famosos". Disponível em: < https://www.canaldepericia.org/post/s%C3%ADndrome-de-estocolmo-origem-e-casos-famosos#:~:text=Em%201974%2C%20Patr%C3%ADcia%20Campbell%20Hearst,pessoa%20com%20S%C3%ADndrome%20de%20Estocolmo. > Acessado em 08 de Dezembro de 2020.

JusBrasil, "La Casa de Papel e a Síndrome de Estocolmo". Disponível em: < https://damianelima3.jusbrasil.com.br/artigos/549048990/la-casa-de-papel-e-a-sindrome-de-estocolmo > Acessado em 08 de Dezembro de 2020

 

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