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19/02/2021 às 09h57min - Atualizada em 19/02/2021 às 09h52min

Relatos da ansiedade que ninguém mostra ou vê

Citando Gilberto Gil, declaro que o melhor lugar do mundo é aqui e agora, bis

Bianca Costa - Editado por Gustavo Henrique Araújo
Foto: Gilberto Gil/Reprodução: Google
Acordo em mais um dia normal, ao invés da renovação pós sono que deveria sentir, sinto um aperto no peito. Por que nenhum ar no mundo parece ser suficiente? Agora meu coração dispara e me pergunto “será que estou à beira da morte?”

Não vou sentir mais isso, meu dia deve continuar, mas meu corpo me impede, minha mente grita para que eu fuja e meu corpo implora por cama. Para Luana Omine, 19 anos, a sensação de morte é constante e seu coração acelerado só confirma seus medos, “como se eu não conseguisse controlar nada do meu corpo e nem meus pensamentos."
 
A psicanalista Adriana Antunes, 43 anos, diz que nem sempre é possível perceber algum gatilho, mas é muito fácil observar os pré-sintomas de uma ansiedade ou angústia há muito tempo reprimida. Mariana Nerome, aos 20 anos, percebe que, mesmo gostando, dirigir desencadeia seus episódios de pânico. 
 
E agora? Me deixo engolir pelo sentimento? Carolina Trancoso explica que durante as crises “técnicas de respiração são minhas grandes aliadas”. Assim como explica Adriana, o ataque de pânico pode ser comparado à sensação de afogamento em alto mar e os profissionais de resgate afirmam que o simples ato de respirar aumenta as chances de salvamentos.
 
Meu corpo sofre duas vezes mais que minha mente, outros como a Luana sofrem mais psicologicamente e, ainda, há quem sinta os sintomas de forma igual mental e fisicamente, assim como a Carolina “os ataques não duram muito tempo, mas o suficiente para que eu me sinta cansada física e psicologicamente."
 
A psicóloga Karoline Lírio explica que “a síndrome do pânico, ansiedade, depressão, pode se apresentar de forma singular, por isso é importante olhar caso a caso”, cada relato será único, então é muito importante buscar ajuda qualificada e entender que sozinhos não conseguimos mais.
 
Apesar de uma enorme nuvem negra ainda pairar sobre o assunto, é muito importante que não tenhamos medo de sentir e viver nosso interior, Antunes declara que “nem sempre nossos sentimentos são bonitos, nem sempre temos orgulho daquilo que sentimos, mas isso não significa que devemos empurrar para debaixo de um tapete, fingindo que não sentimos”. Lírio pontua também que é importante questionarmos e considerarmos que cuidar da nossa mente é cuidar da nossa vida.
 
Para mim, o pânico e a ansiedade cabem perfeitamente em uma das definições de Adriana Falcão: “Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego. Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.”
 
Vivo um dia de cada vez, passos largos em direção ao hoje. O amanha me assombra como um sopro ao pé do ouvido e então atenho-me ao agora, pois não há melhor lugar para se estar. 
 

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