Toni Morrison é uma escritora muito amada pelas pessoas que fazem parte da TAG. "O olho mais azul", enviado em março de 2019 (com a curadoria de Djamila Ribeiro), é um dos livros mais bem-avaliados e celebrados da história do clube -- com grandes repercussões até hoje, quase dois anos depois. Comentários como "Encantada com algumas passagens que soam tão poéticas e viscerais, sentido de uma realidade tão viva e literal" ou "Eu amei o livro. Pesado, intenso, sem rodeios. Ainda estou digerindo a parte final, me atingiu de uma maneira muito forte. Um livro espetacular. Um deleite estético e filosófico", exemplificam a maneira como, de modo geral, nossos leitores recebem a obra de Toni Morrison.
“Eu fiquei muito presa à escrita da Toni Morrison porque apesar de tratar de temas muito dolorosos, ela tem uma linguagem extremamente poética. Toni Morrison devolve a humanidade às personagens negras ao mesmo tempo que mostra como essa humanidade foi apagada ao longo dos séculos. Eu acho que qualquer pessoa que esteja disposta a repensar as estruturas que moldam a nossa sociedade deveria ter um espaço na estante para Toni Morrison, porque é uma escrita que chega profundamente em nós."
Assim, demonstra como Toni Morrison conseguiu conquistar leitores mundo afora, apresentando as realidades do povo negro com um toque poético, mas sem romantizar, o que traz sensibilidade para a visão do público leitor.
Dos obstáculos aos prêmios
A norte-americana negra Toni Morrison, com sua forma de escrita humana e singular, protagonizou um dos Prêmios mais importantes da literatura americana, o Pulitzer, em 1988, resultado de sua obra mais conhecida, "Amada", já citada nesta matéria. Essa obra passou por vários obstáculos até ter seu reconhecimento merecido, pois logo após ser lançada, ela foi banida nas escolas, porque foi vista por alguns críticos como uma linguagem agressiva para os jovens.
Além do Pulitzer, Toni Morrison marca a história da literatura por ser a primeira mulher negra (e única, até o exato momento) a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1993. Ela foi premiada por seus romances “caracterizados por uma força visionária e um influxo poético, [que dão] vida a um aspecto essencial da realidade americana”, assim a própria academia a caracteriza.
O seu reconhecimento por meio dos prêmios só reforçam o tamanho da escrita da autora, assim como a sua importância na literatura e na representação da fala e do discurso dos negros, na sua realidade e em seu cenário. Vale ressaltar que são muitos os leitores que conhecem Toni por protagonizar prêmios tão importantes, como é o caso da estudante Maria Eduarda Veiga, de 21 anos, que afirma ter conhecido Toni Morrison por meio de indicações de booktubers, influenciadores de grande importância para o incentivo à leitura nas mais variadas idades, e sua curiosidade aguçou quando descobriu que a escritora foi a primeira mulher negra a receber o Prêmio Nobel de Literatura.
Toni Morrison completaria 90 anos em fevereiro, contudo, os seus escritos permanecem vivos e compartilhando todos os sentimentos da escritora, além de conseguirem trazer visibilidade e representatividade em vários temas antes esquecidos.
Leia mulheres negras! Leia Toni Morrison!