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12/03/2021 às 23h38min - Atualizada em 12/03/2021 às 23h10min

Contas digitais tem aumento exponencial no Brasil

A revolução dos bancos digitais encontrou impulso durante a pandemia e somam mais de 60 milhões apenas no país

Marceli Maria - Editado por Ana Paula Cardoso
Foto: Divulgação Méliuz
Os bancos digitais surgiram no Brasil após regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016. Desde então, esses bancos revolucionários que nasceram como fintechs - startups que trazem inovação tecnológica ao sistema financeiro - , vem revolucionando totalmente o sistema bancário e corroborando para a democratização do acesso à vida financeira ativa. Além disso, com a pandemia da Covid-19, houve um forte crescimento na procura e abertura de contas digitais.  

A chegada dessas startups ao mercado, fez com que os bancos tradicionais consolidados saíssem da zona de conforto, o que tem ajudado a impulsionar a transformação digital do setor financeiro. Um dos maiores exemplos é o Bradesco, que entrou na revolução digital e lançou o Next, sua plataforma 100% digital.

Apesar de ser a fintech mais conhecida, o Nubank não foi o primeiro banco digital no país. As primeiras contas digitais no mercado financeiro do Brasil foram as dos bancos Original, Neon e Inter. Como o CMN só autorizou os bancos digitais em 2016, foi mais fácil para as instituições financeiras já estabelecidas se lançarem neste mercado, uma vez que possuiam autorização para funcionar. Entretanto, os neobanks ainda saem na frente dos tradicionais no âmbito tecnólogico, já que nasceram no contexto digital.
 
O professor de Economia e Finanças na Faculdade Canção Nova (FCN), Bruno Nascimento, afirma que o mercado está em um momento de transição, e que alguns bancos tradicionais estão perdendo bastante espaço no mercado. Apesar disso, ele explica que falar sobre um possível desaparecimento dos bancos tradicionais ainda é algo muito prematuro.
 
“Mas o que é certo é que muitos clientes que eram “desbancarizados”, ou seja, que não estavam no mercado, não tinham uma conta bancária ou acesso ao cartão de crédito, hoje, possuem contas em diversas financeiras tecnológicas e isso é um ponto muito positivo para a economia brasileira e para a população”, ressaltou. 
Um estudo realizado pela Idwall apontou que a pandemia causada pelo novo coronavírus foi uma forte influência para a disparada no crescimento dos bancos digitais, já que o isolamento social levou muitas pessoas que não tinham confiança nos sistemas digitais, como pessoas mais velhas, a usarem esses bancos pela internet. As instituições financeiras tradicionais acabaram oferecendo aos seus clientes a possibilidade da abertura de contas de maneira mais acessível, o que tornou o mercado ainda mais competitivo.

De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na pandemia da Covid-19, em 2020, as transações de pessoa física nos canais digitais chegaram a representar 74%. Sem tarifas ou agências bancárias, alguns conseguiram dobrar a carteira de clientes. Um levantamento do UBS Evidence Lab mostrou que, pela primeira vez, a parcela de downloads de aplicativos dos novos players ultrapassou a de instituições tradicionais. Atualmente, o país tem mais de 60 milhões de contas digitais, sem considerar os números do Caixa Tem, usado para o pagamento do auxílio emergencial.
 
De acordo com Bruno, essa revolução é muito importante, porque democratiza o crédito, uma vez que, por causa dos bancos digitais não terem agências físicas, o seu custo operacional é bem menor. Por isso, consegue-se ter acesso a cartão de crédito sem anuidade, empréstimos com algum tipo de desconto e financiamentos muito mais acessíveis.
 
“Isso é uma verdadeira revolução. Junto a ela, vem o blockchain, as criptomoedas, a educação financeira, investimos e etc. O mercado e a indústria financeira passam por uma revolução e isso também impulsiona aos grandes bancos tradicionais se readaptarem. Para o cidadão é ótimo, desde que seja usado de forma consciente, já que se é mais fácil o acesso ao crédito, é também mais fácil contrair dívidas e perder o controle nos gastos”, afirmou.

As principais características dos bancos digitais é o modo 100% online, que permite ao cliente realizar tudo pelo site ou aplicativo. Eles também não contam com caixas eletrônicos próprios para operações, e os saques só são possíveis em caixas independentes, como os da Rede 24 Horas. O atendimento ao cliente acontece via online ou por telefone.

Apesar dessas diferenças, todos os serviços essenciais estão presentes: fazer e receber pagamentos e transferências, compensar um cheque, pagar contas, usar cartão de crédito, conta física e jurídica. Os bancos digitais são tão seguros quanto os aplicativos e o Internet Banking dos demais bancos. Existem várias diferenças entre o banco digital e o tradicional, mas a principal entre elas é o fato de todas as operações, inclusive abrir e encerrar conta, serem realizadas 100% digitalmente. 

Maria Clara Duarte, 22, estudante de fisioterapia, encerrou as contas nos bancos tradicionais desde 2019 e até hoje utiliza somente uma conta digital para realizar todas as suas atividades bancárias. Ela explica que o principal motivo que a levou a migrar para o banco digital, foi a possibilidade de ter o banco em suas mãos. 
“A maior vantagem é a facilidade de resolver os problemas a qualquer hora, sem precisar sair de casa e enfrentar filas. Além da praticidade para investir dinheiro, o suporte ao cliente é extremamente rápido e eficiente. Já a principal desvantagem é que em cidades que não tem caixa 24h de fácil acesso não se pode sacar direito. Mas, diante da pandemia, essa é com certeza a opção mais segura”, completou. 
 

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