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15/04/2021 às 15h30min - Atualizada em 15/04/2021 às 15h19min

Bia, inteligência artificial do Bradesco, começa a se pronunciar contra assédio

A vítima da vez foi a Bia, do Bradesco. Lu, do Magazine Luíza, já havia passado pela mesma situação. Além das empresas, UNESCO e ONU se posicionaram quanto a questão do assédio as assistentes

Isabela Mello - Editado por: Celine Almeida
Imagem: Reprodução/Youtube

Na primeira semana de abril, os canais oficiais do Bradesco divulgaram que a assistente virtual Bia começaria a se posicionar contra os assédios sofridos pelo público. Mensagens mais incisivas como “Essas palavras são inadequadas, não devem ser usadas comigo e com mais ninguém” e “Pra você pode ser uma brincadeira, mas pra mim foi violento” estão entre as respostas de Bia – bem diferente do que acontecia anteriormente quando a assistente apenas dizia que não havia entendido a pergunta e pedia para repetir. Segundo o Bradesco, Bia recebeu 95 mil mensagens desrespeitosas e de cunho sexual em 2020.

A mesma medida já havia sido adotada pelo Magazine Luíza, em 2018, quando sua assistente virtual Lu também foi alvo de comentários impróprios. Na época, foi postado um vídeo de Lu nos canais do Magazine, pedindo respeito e se solidarizando com as mulheres que sofrem assédios diariamente. Nos comentários do vídeo no Facebook, apesar de muito apoio, apareceram mais respostas desrespeitosas e ofensivas.

 

O posicionamento do público mudou após três anos?

Quando a assistente do Magalu foi vítima de assédio, o público – maioria homens – criticaram o posicionamento da personagem por não ser uma pessoa de verdade e encheram as redes sociais da empresa com piadas e mais comentários impróprios. Agora, em 2021, os internautas continuam com a mesma postura. O vídeo no Youtube com a propaganda do Bradesco afirmando que Bia não aceitaria mais aqueles tipos de brincadeira tem, atualmente, 136.302.065 visualizações, 7.9 mil likes, 31 mil dislikes e 15.190 comentários. As primeiras quinze respostas em destaque, com centenas de interações, contam com inúmeras piadas.

Por outro lado, as assistentes virtuais de várias empresas como Natura, Vivo, Amaro, Ultragraz e Magalu, demonstraram apoio a Bia.

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), não ficou calada sobre essa luta. Em maio de 2019, a entidade lançou o movimento #HeyUpdateMyVoice (Atualize minha voz, na tradução livre), em parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas), com o intuito de pedir às empresas que atualizassem a voz de suas assistentes virtuais. Além de ter como objetivo que as assistentes deixassem de ser submissas ao assédio sofrido, também queriam chamar atenção para esse tema.

Segundo um estudo da própria UNESCO, nomeado “I’d Blush If I Could” traduzido livremente para “Eu coraria se pudesse”, as assistentes, apesar de serem somente bonecas com inteligência artificial, sofrem altos índices de preconceito de gênero. Na pesquisa foi mostrado que o ambiente da criação, configuração e programação é dominado por homens, o que poderia influenciar a maioria das assistentes virtuais serem mulheres (Siri, Alexia, Cortana, etc) e terem posicionamentos tolerantes, passivos e submissos.

A mudança de comportamento das empresas e entidades quanto a essa questão são extremamente importantes para destacar o quanto o assédio é errado e não deve ser ignorado. Se os homens são capazes de fazer comentários desrespeitosos com um robô na internet, pode-se esperar que no mundo real as situações sejam piores.


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