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21/10/2023 às 09h48min - Atualizada em 21/10/2023 às 09h42min

Antigo Twitter, "X" é acusado de não combater fake news e desagrada usuários

A rede social adquirida por Elon Musk vem passando por uma decadência em sua nova gestão. Jornalistas e artistas que utilizam a plataforma lamentam.

Ana Gabriela Freire - Editada Por Nick Santos
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           A atual gestão do X (antigo Twitter) está cercada de controvérsias. No dia 10 de outubro de 2023, a União Europeia (UE) ameaçou multar a rede social por disseminação de fake news sobre o conflito entre Israel e Hamas. A empresa adquirida pelo bilionário sul-africano Elon Musk já era considerada uma das com maior taxa de disseminação de fake news no continente europeu e tem colecionado advertências de autoridades relacionadas a esse fenômeno. No último dia 20, o X tinha acumulado mais de R$16 milhões em multas com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE - RJ) por atrasar o envio de dados sobre fake news. Mas, como isso afeta os usuários? O antigo Twitter era uma das plataformas de mídia favoritas de jornalistas e artistas que atualmente enfrentam dificuldades para utilizá-la e convivem com as fake news e outros problemas que acabaram surgindo após a compra por parte de Musk. Na visão do jornalista Gabriel Prado, o site está passando por um declínio: “Após a mudança de gestão, percebi uma modificação no funcionamento dos algoritmos e tive desagradáveis tweets na minha timeline, desde opiniões divergentes a níveis ofensivos (como críticas infundadas a minorias), até um vídeo explícito de suicídio”, afirma. Ele também acredita que a ferramenta de desmentir fake news, já existente antes da compra de Musk, ajuda no combate a informações falsas, mas mesmo assim a plataforma tem praticado um certo “endosso” a elas: “o que eu mais percebi em relação a isso após a compra da rede, foi uma espécie de endosso à prática, o que pode sim ter levado a uma maior propagação de informações falsas, porém, geralmente são notificadas como tal”, detalha.

         O jornalista avalia que atualmente é mais difícil se informar com a ajuda do X, pois há uma priorização de opiniões polarizadas ao invés do antigo “o que está acontecendo?”, a frase mais famosa da rede que tinha o passarinho azul como símbolo. Além disso, ele acha que Musk é a favor de uma estratégia mais “liberal” de lidar com as grandes mídias, que muitas vezes não reflete suas reais atitudes: “foi dito pelo próprio (Musk) que, em determinado momento em que ele mesmo difundiu fake news no Twitter, ele estaria, em verdade, desafiando narrativas estabelecidas, numa espécie de retórica. Porém, não enxergo que a fala do CEO reflita de fato os próprios comportamentos. Como dono de uma das maiores redes sociais do mundo, além de diversos outros empreendimentos e, acima de tudo, ter muita influência, a posição do bilionário deveria reforçar os bons comportamentos da comunicação e propagação de informações. Contudo, acredito que a propagação de fake news e a defesa pela liberdade de compartilhá-las com outras alegações, faz parte da estratégia liberal da qual Musk é favorável.”, finaliza. Guilherme Augusto Belém é um artista visual e estudante de jornalismo que utiliza o antigo Twitter desde a adolescência. Ele acredita que a gestão da rede antes de Musk era “consideravelmente” melhor. Em relação às fake news, o jovem opina que o novo funcionamento dos selos de verificado não está ajudando a melhorar a situação: “Houve um aumento de fake news impulsionado pela mudança de funcionalidade dos símbolos de verificado, que tinham como função confirmar a identidade e credibilidade de uma pessoa pública, agora qualquer um pode comprar um verificado e pode também esconder o símbolo, transformando ele apenas num pacote "Premium" para que o usuário possa monetizar seus tweets”, explica.

         Guilherme considera preocupante o fato de alguns usuários utilizarem o X como fonte exclusiva de informação e acredita que a filosofia de Musk ao lidar com as informações falsas não é nenhuma novidade, pois outras plataformas de mídias também se beneficiam de sua propagação: “é condenável, mas ele é transparente em suas intenções, há mais perigo, acredito eu, no alcance que plataformas como YouTube, Facebook e Instagram, que tem uma rede maior de usuários, (que) estão sendo expostos, e que tem líderes e CEO que se mascaram numa linha moderada mas que também impulsionam desinformação e se beneficiam dela”, detalha. Como artista visual, ele acha que o X tem se tornado pior para os artistas, que tinham na rede social uma boa forma de divulgação: “com a instabilidade do twitter muitos artistas estão meio perdidos, e as redes sociais são grande parte de seu trabalho e fonte de renda. Então a sensação é de que todo mês há uma ameaça nova de que a rede social em que você construiu um following pode acabar a qualquer segundo, e você não perde seguidores apenas, você perde clientes e contatos. A rede ainda segue de pé e os artistas seguem trabalhando, mas é consenso que depender de uma rede social instável não é o ideal.”


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