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22/04/2021 às 12h47min - Atualizada em 22/04/2021 às 12h44min

Superliga Europeia é suspensa após debandada dos clubes ingleses

Atlético de Madrid, Inter de Milão, Milan e Juventus também vão deixar a competição

Felipe Sousa - Editado por Amanda Cruz
Petr Cech, dirigente do Chelsea, argumenta com torcedores no protesto em frente ao Stamford Bridge (Foto: Charlotte Wilson/Offside via Getty Images)
O fim da Superliga Europeia, pelo que tudo indica, terá um fim tão meteórico quanto foi o seu anúncio, responsável por abalar as estruturas do futebol europeu. Na última terça-feira (20), os organizadores divulgaram uma nota anunciando a suspensão do projeto após protestos generalizados de torcedores, imprensa, atletas e a saída dos seis clubes ingleses fundadores (Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham).

"Dadas as atuais circunstâncias, devemos reconsiderar os passos mais adequados para reformular o projeto, sempre tendo em mente o nosso objetivo de oferecer aos torcedores a melhor experiência possível e, ao mesmo tempo, valorizar os pagamentos solidários para toda a comunidade do futebol", afirmou o comunicado.

Na nota, a Superliga alegou ainda que os clubes foram pressionados a abandonar o torneio e que a realização estaria de acordo com as normas legais: "Apesar da anunciada saída dos clubes ingleses, forçados a tomar tais decisões devido à pressão sobre eles, estamos convencidos de que nossa proposta está totalmente alinhada com as leis e regulamentos europeus, como foi demonstrado por uma decisão judicial para proteger a Superliga de ações de terceiros".

Os organizadores voltaram a afirmar que a estrutura atual do futebol europeu não funciona: "Nossa proposta se baseia em permitir o esporte a evoluir enquanto gera recursos e estabilidade para toda a pirâmide do futebol, incluindo ajuda para superar as dificuldades financeiras vividas por toda a comunidade do futebol na pandemia".

A Superliga Europeia visava juntar 20 dos principais clubes europeus em uma liga fechada, sem acesso ou descenso, em oposição à Liga dos Campeões. No entanto, desde o anúncio de sua criação no último domingo (18), o torneio recebeu pesadas críticas de torcedores, jogadores, imprensa e de outros clubes, que apontaram a criação da Superliga como uma medida gananciosa e segregacionista por parte dos seus fundadores.

A UEFA condenou fortemente a criação da Superliga e ameaçou punições pesadas como o banimento dos clubes em competições nacionais e internacionais, além de proibir os atletas desses clubes a defenderem suas seleções em torneios chancelados pela entidade europeia e pela FIFA.

A pressão aumentou ao longo desta terça-feira (20), quando mais de 1,5 mil torcedores do Chelsea realizaram uma manifestação em frente ao Stamford Bridge pedindo a saída dos Blues da Superliga, pouco antes de um jogo contra o Brighton, válido pela Premier League. Atletas dos clubes envolvidos também se manifestaram contra o projeto, incluindo Kevin De Bruyne e o técnico Pep Guardiola do Manchester City, além de todo o elenco do Liverpool.

O Manchester City foi o primeiro clube a anunciar o seu desligamento; Arsenal, Liverpool, Manchester United e Tottenham divulgaram suas saídas simultaneamente logo depois. O Chelsea, que teria sido o primeiro clube a tomar a decisão de deixar a Superliga, segundo periódicos ingleses, foi o último a formalizar a decisão.

Na quarta-feira (21), com a Superliga oficialmente suspensa, outros fundadores também desembarcaram: Atlético de Madrid e Inter de Milão foram os primeiros. O Milan, ao anunciar a saída em seu site oficial, apontou a reação dos fãs de futebol como uma das razões pelo recuo. A Juventus, que tem seu vice-presidente Andrea Agnelli também como vice-presidente da Superliga, divulgou que sua desistência se dá devido à ausência dos outros clubes, o que impediria a competição de acontecer conforme planejado: "Neste contexto, a Juventus, embora permaneça convicta da validade dos princípios esportivos, comerciais e jurídicos do projeto, considera que atualmente tem possibilidades limitadas de se completar na forma em que foi inicialmente concebido".

Agnelli, em entrevista à Reuters, reconheceu que a Superliga Europeia dificilmente sairá do papel: "Estou convencido da beleza do projeto, a criação da maior competição do mundo. Mas eu não acho que este projeto segue em andamento". Apenas Barcelona e Real Madrid seguem como signatários: segundo a emissora TV3, a permanência da equipe catalã está condicionada à aprovação dos sócios.

O presidente do Real Madrid e da Superliga, Florentino Pérez, se disse "triste e decepcionado" com a suspensão do torneio, em entrevista à rádio Cadena SER. O dirigente negou a saída de Milan e Juventus, criticou o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, e minimizou os protestos dos torcedores do Chelsea, alegando que poderia ter sido uma ação orquestrada: "Em 20 anos, não vi essa agressividade na minha vida. Ameaças, insultos, como se tivéssemos matado o futebol".

A Superliga pode estar suspensa, mas já trouxe consequências no cenário do futebol europeu. Há a expectativa de que os 12 clubes fundadores possam sofrer sanções da UEFA e de suas respectivas federações nacionais, mesmo com as desistências. Dentro dos clubes, o vice-presidente do Manchester United, Ed Woodward, renunciou ao cargo e deixará o clube ao fim do ano. Há muita pressão dos torcedores dos Red Devils para que a Família Glazer, dona do clube desde 2003, deixe o clube. Os proprietários norte-americanos de Arsenal e Liverpool também vem sofrendo pressão de seus respectivos torcedores, apesar dos reiterados pedidos de desculpas.

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