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25/04/2021 às 10h33min - Atualizada em 25/04/2021 às 10h30min

Jovens hackers do interior de São Paulo embolsam auxílio emergencial através de programa de computador

A Polícia Federal estima que a quadrilha desviou cerca de seis milhões de reais do auxílio emergencial que deveria ir para quem realmente precisa

Julia Wellmann - Editor: Ronerson Pinheiro
Foto: Polícia Federal prendeu uma quadrilha suspeita de fraudar o sistema do benefício - Reprodução: G1/Divulgação.
 
João Vitor Ribeiro de 19 anos, morador de Tatuí, interior de São Paulo, chamou a atenção da Polícia Federal após adquirir dois carros de luxo, uma moto esportiva e duas casas recém compradas. Sem um trabalho ou estudo, com seu pai preso acusado de diversos crimes, dentre eles roubo e tráfico de drogas, a Polícia Federal abriu uma investigação para apurar de onde teria surgido o dinheiro que João gastava.

As investigações constataram que João e um grupo de amigos criaram um programa de computador para enganar o sistema do governo e fraudar o auxílio emergencial. Eles conseguiam os dados das pessoas com direito ao benefício, faziam o cadastro em nome delas e assim, sacavam o dinheiro destinado aquele grupo favorecido.

De dezembro de 2020 até os dias atuais, João e seus amigos se hospedaram em 21 hotéis, uma estratégia para dificultar a localização do grupo. De acordo com as investigações, os hackers usavam a internet dos hotéis para aplicar o golpe. “Muitas vezes eles se hospedavam em hotéis, usavam documentos falsos, davam dados falsos na recepção.”, explica Marcelo Ivo de Carvalho, delegado da Polícia Federal. “Ficava lá um computador rodando a noite inteira, eles criaram então esse sistema, causando essa fraude.”, alega o delegado Cleo Mazzotti.

A Polícia Federal estima que a quadrilha do jovem desviou cerca de 6 milhões de reais do auxílio emergencial que deveria ir para quem realmente precisa. No dia 16 de abril, João e um comparsa foram presos e R$ 200 mil foram apreendidos. Os investigadores descobriram que os jovens venderam o programa de computador e a estratégia para fraudar o benefício para outros criminosos. Em Brasília, quatro rapazes que compraram e estavam usando o programa já foram presos.

O Ministério da Cidadania informou que "trabalha diuturnamente para aprimorar o processo de concessão do auxílio", e que "15 grandes bancos de dados são utilizados para conferir quem atende aos requisitos". Segundo a pasta, "quase R$ 336 milhões foram recuperados de pessoas que não se enquadravam nos critérios.”, diz a nota.


Editora-chefe: Lavínia Carvalho.

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