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07/05/2021 às 10h29min - Atualizada em 07/05/2021 às 10h07min

Pobreza menstrual: uma questão de saúde pública

Uma em cada quatro jovens já deixaram de ir à escola por falta de absorvente

Adélia Lima Sá - Editado por Andrieli Torres
Fonte: Reprodução/Google
Menstruação. Essa palavra chega para você como um tabu ou de forma natural? Para a metade da população esse processo comum e natural do corpo feminino é visto e tratado com receio. Essa condição é um reflexo da pouca importância dada à temática.

A falta de discussão desse assunto gera desinformação, assim como ela é negligenciada na vida de milhares de mulheres. A pobreza menstrual não se limita apenas a pouca informação, como também a falta de acesso a estes itens básicos para o período menstrual, pois ainda é visto como itens de cosméticos, ou seja, não é considerado essencial.

No livro ‘Presos que menstruam’, Nina Queiroz descreve o cotidiano de mulheres que vivem em presídios no Brasil. Para a construção deste documentário escrito, Nina passou quatro anos convivendo com a realidade de presidiárias, esse período fez com que a autora conhecesse realidades em que as mulheres usavam miolo de pão, papel higiênico, jornal e pedaços de plástico em seus ciclos menstruais. Esse cenário existe pela falta de distribuição de kits de higiene adequadas para as mulheres, visto que elas recebem o mesmo que os homens em vários presídios dentro do país.




Essa realidade é uma questão de saúde pública, com isso, é necessário o debate massivo no meio social que pode começar no meio familiar, na escola, em organizações ou movimentos sociais. A Universidade Federal do Piauí, por exemplo, conta com a extensão da Girl Up que é um movimento global realizado pela fundação das Nações Unidas para promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino através da realização de atividades sociais como palestras, doações e conscientização. Sâmara Freitas, coordenadora do Instagram da Girl Up UFPI, destacou que pelo movimento ainda ser recente e pela pandemia a instituição ainda não houve nenhuma ação concreta de combate à pobreza menstrual. Apesar disso, um Projeto de Lei já foi criado. Ela explica:

"Em relação a pobreza menstrual no Piauí o Girl Up Teresina redigiu o Projeto de Lei 'Menstruação Sem Tabu' Nº 36/2020 que além de colocar o absorvente como item de primeira necessidade e incentivar microempreendedoras que fabricam absorventes, propõe educação menstrual nas escolas, pesquisas sobre a realidade da pobreza menstrual, distribuição gratuita de absorventes para pessoas que menstruam com necessidade e isenção fiscal desses itens em todo o estado do Piauí."


Absorvendo o Tabu

Vale destacar que essa realidade não mora apenas no país Tropical, ela faz morada no mundo inteiro e traz grandes consequências. O documentário curta-metragem ‘Absorvendo o Tabu’, que ganhou o Oscar em 2019, exibe com clareza e veemência exatamente este conteúdo, quando traz o cotidiano de mulheres em vilarejos indianos, desde o medo, vergonha e
receio de falar sobre o processo, até a produção e venda de absorventes. Assim tornando nítido que a pobreza menstrual é um problema global.



O documentário dá enfoque a este tabu que é reflexo do machismo e da negligencia de poderes políticos. A produção e a venda dos absorventes trazem segurança e uma fonte de renda para essas mulheres, além de servir como meio de informação para milhares delas que estão submetidas a tão excludente realidade.

 

O que está sendo feito

A Always, marca de absorventes, por meio de pesquisas apontou que 1 a cada 4 meninas no Brasil não tem condições de comprar produtos básicos para o período menstrual. Com isso, a empresa em parceria com a Organização das Nações Unidas das Mulheres, adotou um projeto que consiste na distribuição destes itens para meninas e mulheres de todo o mundo. Durante o mês de maio, para cada pacote de Always vendido, a marca vai doar um absorvente para meninas que precisam. Além disso, a deputada federal Tábata Amaral apresentou na última segunda-feira (2), na Câmara dos Deputados, um projeto de lei, o PL 428/2020, que quer garantir a distribuição gratuita de absorventes femininos em espaços públic
os.
 


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