No dia 3 de maio é comemorado a liberdade de imprensa mundialmente. A data comemorativa foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1993, com o objetivo de celebrar o direito dos profissionais de apurar e publicar as notícias sem censura, defender a mídia contra ataques e homenagear os jornalistas que perderam as vidas no exercício da profissão.
A data vem sendo enfatizada com veemência, no atual contexto em que a liberdade de imprensa está sendo degradada de maneira paulatina, sobretudo no Brasil, devido a crise de desinformação, teorias conspiratórias e discurso de ódio.
De acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras, o país ocupa o 111º lugar no ranking mundial de liberdade de imprensa, a posição está caindo há quatro anos consecutivos e está na zona vermelha - área em que a liberdade de imprensa é considerada difícil ou grave. O trabalho dos jornalistas ficou ameaçado após a posse do presidente Jair Bolsonaro, segundo a ONG. Mandato marcado por insultos aos profissionais, desconfiança diante das informações e negacionismo.
António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) alerta: “Os jornalistas correm grandes riscos pessoais, incluindo novas restrições, censura, abuso, assédio, detenção e até morte, simplesmente por fazerem seu trabalho.”
No entanto, é sabido que os impasses enfrentados pelos jornalistas não são recentes, tampouco estão restritos ao cenário pandêmico. Durante o governo militar, ocorrido entre 1964 a 1985, foi censurado o direito à liberdade de expressão e liberdade de imprensa, concomitantemente.
Foi precisamente no Ato Institucional nº 5 que a repressão chegou a níveis insuportáveis. As pautas precisavam ser analisadas pelo Estado e seu exército de militares antes de serem aprovadas, com isso era comum ver espaços vagos nos jornais impressos, ou, algumas vezes, preenchidos com receitas culinárias.
Além de censurar o direito crucial para execução da democracia - a notícia, com ética e profissionalismo - muitos jornalistas foram assassinados durante o período ditatorial, como é o caso do jornalista Vladimir Herzog, que foi morto sobre tortura, em outubro de 1975.