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13/05/2021 às 21h33min - Atualizada em 13/05/2021 às 21h28min

A vida de Anne Frank pulsando em Eva Schloss

Uma análise de como seria a vida de Anne se tivesse sobrevivido ao Holocausto em comparação da enteada de seu pai, Eva Schloss

Jennifer Valverde - Editado por Andrieli Torres
Foto: Reprodução/Internet

Há uma certa certeza em dizer que talvez você já tenha ouvido falar sobre o Nazismo, Holocausto e Hitler, certo? E no meio de toda essa história possivelmente você se lembre desse nome: Anne Frank. Se sim, estamos no ‘caminho certo’, mas se não… não há problema algum, pois iremos analisar juntos, quem foi Anne e consequentemente quem é Eva. 

 

Annelies Marie Frank (Anne Frank) foi uma garota de origem alemã e sangue judio, ela nasceu em 12 de junho de 1929 em Frankfurt e faleceu no campo de concentração Bergen-Belsen perto de Hannover (também na Alemanha) em decorrência de uma epidemia de tifo, onde ela e sua irmã ao serem contaminadas não resistiram, o que levou a morte das irmãs Frank em 1945, quando Anne tinha apenas 15 anos de idade. Existem milhares de casos semelhantes ocorridos na época, porém há algo que a diferencia do restante das vítimas, sejam elas crianças ou adultos, a escrita. Anne escreveu o diário não finalizado mais famoso do mundo, que hoje é considerado um documento histórico e que apresentou às nações os horrores de uma vida em cativeiro e da perseguição sofrida pelos judeus da época. 

 

Do outro lado da história temos Eva Schloss. Nascida em Viena, Áustria, em 11 de maio de 1929, Eva também viu sua vida ruir por causa da perseguição do regime nazista, sendo mandada, após anos escondida, para o campo de concentração Auschwitz-Birkenau. Schloss perdeu quase tudo, incluindo seu amado pai e seu irmão, mas sobreviveu ao massacre e teve que reaprender a viver em um mundo em construção.

 

Duas vidas marcadas 

 

O que une essas duas meninas, é algo que vai além da relação de parentesco, já que o pai de Anne, após perder tudo se viu no fundo do poço e foi o amor… amor esse encontrado através da mãe de Eva que uniu essas duas famílias marcadas pela dor. Entretanto, muito além disso as duas garotas se unem pela continuação de uma história que uma não pôde trilhar. 

 

Eva escreveu seu primeiro livro, contando sua experiência no campo de concentração em 1988 ‘A história de Eva’ e após ele, escreveu ‘Depois de Auschwitz’ publicado em 2013, nesse segundo ela conta como foi a continuação de sua vida depois de sobreviver ao nazismo chegando a comentar o quão surpreendente foi ver o quanto as pessoas não tinham sensibilidade pelo que eles passaram, justamente pela falta de conhecimento do que ocorria nos campos.



 

“Naquele momento, os horrores dos campos de concentração e do Holocausto ainda não eram amplamente conhecidos. A atitude de algumas pessoas se resumia a algo do tipo: 

— Nós os abrigamos e cuidamos de vocês nos anos 1930, o que você está fazendo aqui agora? O que mais esperam de nós?” ‘Depois de Auschwitz’, pág. 170


 

Eva teve que se reconstruir e fez da sua história um canal de luta pelos direitos humanos e pelo reconhecimento de sua dor. “[...] Decidi que não seria uma vítima, apesar de tudo o que havia acontecido comigo.” 

 

Ela casou-se, virou mãe e abriu um negócio. Conseguindo se restaurar por completo, mesmo com tantas cicatrizes causadas pelo passado sombrio. O que nos leva a imaginar: Como seria a Anne depois de Bergen-Belsen? Será que se tornaria jornalista ou escritora como havia dito em seus escritos? 

 

"Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta. Mas pergunto-me: escreverei alguma vez alguma coisa de importância? Virei a ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero-o de todo o meu coração! Ao escrever sei esclarecer tudo, os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias.” ‘Diário de Anne Frank’ 

 

 

Será que se casaria com seu primeiro amor? Seria mais astuta em suas decisões? Será que endureceria seu coração em relação à felicidade?

 

“Pense em toda beleza que ainda resta em torno de você e seja feliz.” ‘Diário de Anne Frank’

 

E sobre as lembranças seriam tão fundamentais, mesmo com tantas marcas? 

 

“Para mim, as lembranças são mais importantes do que os vestidos.” ‘Diário de Anne Frank’

 

Anne pensava que ainda havia bondade nas pessoas, ela acreditava fielmente nisso, marcando em seu diário. “Apesar de tudo eu ainda creio na bondade humana.” Mas, para Eva talvez ela mudasse de opinião depois de toda dor que sofreu e se tivesse sobrevivido, nunca mais veria a humanidade da mesma maneira.

 

“Anne Frank escreveu no final de seu diário, pouco antes de ser capturada, que ainda acreditava que as pessoas tinham bons corações, mas eu me pergunto o que ela pensaria se ela tivesse sobrevivido aos campos de concentração de Auschwitz e Bergen-Belsen. Minhas experiências revelaram que as pessoas têm uma capacidade única para crueldade, brutalidade e completa indiferença aos sentimentos humanos.”  ‘Depois de Auschwitz’

 

De certo nunca saberemos como seria Anne após a guerra. Se ela viria realmente publicar sua história, ou se conseguiria se recuperar psicologicamente, mas, seus depoimentos e os de Eva nos revelam o quão sombrio e sem nexo é a guerra, e muito mais a discriminação. Cabendo somente às gerações presentes refletir sobre seus atos, mesmo que pequenos, em relação ao outro. 

 

Referências:

Schloss, Eva. Depois de Auschwitz, ed.2013

Frank, Anne. Diário de Anne Frank, ed.1947

https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/o-que-faz-o-diario-de-anne-frank-preferido-de-estudantes-em-programa-de-leitura/

https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/01/27/irma-de-annie-frank-diz-que-fotos-de-libertacao-de-auschwitz-nao-sao-de-la.htm

https://oglobo.globo.com/celina/leia-trechos-ineditos-de-cartas-de-anne-frank-que-completaria-90-anos-neste-12-de-junho-23729283

 

 

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