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14/05/2021 às 04h16min - Atualizada em 14/05/2021 às 03h12min

Mais atenção à comunidade surda

As dificuldades enfrentadas pelos deficientes auditivos se mantém na sociedade por falta de acessibilidade e valorização do ensino da Língua Brasileira de Sinais

Sheyla Ferraz - Editado por Andrieli Torres
Reprodução: Imprensa 24h
Paulo Antônio tem 48 anos e é morador da cidade de Samambaia, em Brasília – Distrito Federal. Ele sofreu perda auditiva aos três anos de idade com o avanço das doenças: sarampo e catapora. As complicações acentuaram-se em sua fase adulta.

Ele conta que a convivência com a família não era tão próxima e que enfrentou dificuldades na rotina, juntamente com sua irmã, que também é surda. “Sem muita comunicação desde a adolescência... sem muito diálogo formal. A falta de paciência era muito presente a todo o momento”, diz Paulo.

Conta também dos maiores desafios, como por exemplo, pegar transporte público, efetuar compras, ir à supermercados, entre outras atividades tão necessárias quanto para a comunidade ouvinte. “Precisa o outro lado se ater com cuidados na comunicação”, acrescentou. Ele reconhece também que o tema precisa ganhar visibilidade nos setores públicos.

Embora ele reconheça a falta de acessibilidade no país, levando em conta as pequenas conquistas, Paulo lista algumas delas, como: lei que protege acesso ao trabalho, aplicação de cursos em libras para surdos alfabetizados e não alfabetizados, além de cursos de libras para ouvintes. 

Yuri Acioli de 22 anos, morador do Recife, atualmente dá aulas de Libras e Inglês para mais de 400 alunos. As aulas são ministradas pelo Google Meet e pelo seu canal no Youtube. Ao compartilhar um pouco da sua história, ele diz que dar aulas de libras já é algo que faz desde muito cedo, é uma experiência que o acompanha ao longo de sua vida.


A dedicação de Yuri não é apenas para os seus alunos, mas em especial aos seus pais que também são surdos e confiam à  ele a missão de ajudá-los nas necessidades diárias. Ele disse também que não há acessibilidade no Brasil, que os impasses sociais ainda são enormes e faltam profissionais preparados por toda parte. A comunicação é rara e quando encontrada, a pessoa não tem prática com a língua de sinais. “Eu faço o possível para estar com meu pai em todos os lugares para poder servir de auxílio, de interprete pra ele; porque essa acessibilidade, infelizmente, não existe”, ponderou.

 Antes da pandemia, em 2019, Yuri ministrou um curso de libras gratuito para uma turma pequena, de aproximadamente 20 pessoas. Foi efetivado como professor para ensinar crianças do quinto ano do ensino fundamental um, em uma escola próxima de onde mora.

O dia 24 de abril é o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), estabelecido conforme a Lei n° 13.055/2014. Foi uma vitória muito significativa para a comunidade, mas não para por aí, o surdo ainda precisa lidar com desafios gigantes no seu dia-a-dia, uma vez que, a sociedade brasileira ainda não tem estruturas para dar suporte às suas necessidades.

No Brasil, a população total de surdos é de 10,7 milhões, de acordo com o estudo realizado pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda. Imbuído neste total, temos 2,3 milhões em estado de surdez severa.

 
 

 
  
Deficientes auditivos encaram preconceitos, são inúmeras chacotas que agregam ainda mais exclusão. O ambiente social fica cada vez mais hostilizado e ações desse tipo, inibem os surdos a se sentirem aceitos e acolhidos. Tanto Paulo como os pais de Yuri, e milhares de deficientes auditivos no Brasil, passam por situações de preconceito.

Como educador de libras, Yuri salienta a importância do ensino da Língua Brasileira de Sinais nas escolas, como carga horária obrigatória. Ele aposta na educação como agente transformador do cenário atual vivido pela comunidade surda. “A felicidade que um surdo tem quando encontra uma pessoa que sabe falar libras, é inenarrável. Eu não consigo nem mensurar”, reitera.

Não há como esconder uma casa construída sobre o monte, assim também, não se pode ignorar a importância de acolher parte desta população que carece de um acesso à educação, capaz de corresponder e suprir suas indispensabilidades e seus direitos.

O país ainda não deu saltos significativos a respeito. As oportunidades de acesso à educação não são as mesmas do que para a população ouvinte e ainda temos um longo caminho até uma conquista consistente que dê a esta comunidade: inclusão, melhores oportunidades no mercado de trabalho, educação com profissionais qualificado
s, estrutura e acessibilidade de modo geral.

Acomapanhe as redes sociais de Yuri Acioli 
• Instragram: @yuacioli 
• Youtube: Yuri Acioli 

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