Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
03/06/2021 às 20h46min - Atualizada em 03/06/2021 às 19h45min

A arte como símbolo de força

Como a arte tem sido auxílio para pessoas em situação de vulnerabilidade emocional na pandemia?

Karina Santos - Editado por Andrieli Torres
Foto: Reprodução/Internet
Em Dezembro de 2020, a Netflix lançou um curta-metragem chamado "Canvas" que fez todo mundo se emocionar. Conta a história de um avô que, após uma perda, encontrava-se dominado pela depressão, onde nem os seus maiores amores e hobbies foram capaz de tira-lo daquela profunda tristeza que o cercava. Sempre amou a arte e pintura, mas, naquele momento, sem ter forças para lidar com isso, acaba abandonando o que tanto o fazia feliz. Logo depois de um reencontro com a neta, lembra-se do bem que a pintura fazia, e então, na tentativa de se reencontrar com o seu interior, sentado em uma cadeira de rodas, com um leve receio e o apoio da família, pinta um belíssimo quadro onde reacende a chama que havia se apagado nele.










O fato é que a arte sempre foi a força de muitos e o auxílio na recuperação de tratamentos psicológicos. Nós crescemos, e claro, nosso entreterimento não é mais o mesmo, nem a maneira de expressar os sentimentos. Mas não podemos negar a eficácia dela em nossa vida, ainda mais no momento que nossa sociedade está enfrentando a pandemia de coronavírus, onde aprendemos na marra a lidar conosco e com nossas emoções, uma vez que somos obrigados a prestar mais atenção nos sinais que nosso corpo dá.
 
Compreensão das emoções

No momento em que nos encontramos, os casos de depressão, ansiedade, síndrome do pânico e outros distúrbios psíquicos aumentam cada dia mais. Do dia para a noite, jovens que nunca nem haviam pensado em si mesmos, encontram-se perdidos e sem ter para onde ir com tanta bagagem sentimental. Como a arte pode ajudar a lidar com tantas emoções? Em resposta à essa pergunta, a artista terapeuta, especialista em arte com mandalas, Alessandra Thaz, escreve em um blog:

“A terapia da arte é benéfica pela possibilidade de os pacientes desenvolverem habilidades interpessoais. Também é muito útil para manejar o comportamento, aumentar a autoestima e evitar os efeitos que a ansiedade produz.” Afirma.

Mas como é esse processo na mente de quem sofre? Existe a possibilidade de ser um caminho a trilhar. Não compreendemos sentimentos só lendo algo sobre eles. Existe um processo.  A terapeuta conta a sua experiência:

“Nesse processo, que eu falo que é um processo meditativo porque ele é, você senta para criar e entra em uma forma de meditação e através da pintura ela se torna mais ativa porque é algo que vem de dentro para fora quando você coloca no papel, então eu comecei a me entender melhor e ver quais eram os caminhos que eu queria para minha vida. A pandemia esfrega na nossa cara a morte todo dia, nós vivemos com medo e aí que entra a arte, no momento que você está numa pandemia, vivendo nesse cenário pulsando morte e senta para criar, usar cores e pensar ‘estou viva’.”

Em um momento que estamos todos presos dentro de casa, talvez essa seja a única forma de liberdade de muitos.

“A arte salva. A arte é vida. Percebo que tem dias que estou muito triste e pra baixo, ou eu coloco música cigana e começo a dançar, ou eu sento e vou desenhar, pintar... parece que...parece não! Tudo se transforma! É fato", pontua a especialista.

 
A visão da arte muda com o passar do tempo?

É inegável que sua visão de arte pode mudar. Hoje, ela pode ser apenas algo que sua família sempre gostou, mas você nunca se viu fazendo. Amanhã, pode ser além da sua fonte de renda, mas a maneira de enxergar o mundo e as coisas ao seu redor, a forma de expressar a angústia, ou felicidade, que existe dentro de você.  A maneira de ver os padrões da sociedade e encarar os problemas da vida também podem se alterar a partir dela. Isso aconteceu com Sofia Guima, uma artista que hoje faz da arte, a sua vida:

“Eu via a arte antigamente como algo que todo mundo deveria entender o que eu queria passar. Por exemplo, eu mostrava um desenho para minha mãe e ela tinha que saber o que eu queria passar. Hoje em dia não. Hoje em dia, se a pessoa entender o conceito que eu quis passar, tudo bem, mas ela também pode criar o conceito dela, afirma.

A pandemia abriu os olhos de muitas pessoas a cerca da definição de arte. A verdade é que desde muitos anos atrás,  a sociedade sempre definiu como pintura e desenho, mas não é só isso. Acerca desse aspecto, a artista conta:

“Na pandemia, comecei a seguir muito mais gente, estudar mais sobre isso. Então vi que existem várias forma de arte, vários estilos e técnicas e se não fosse pela pandemia eu ainda estaria naquela bolha que acha que arte é só desenhar e ser exposto no Louvre.”

Para alguns, nenhum sentimento é capaz de ser expressado através disso. Outros podem pensar que a arte muda conforme os sentimentos mudam. Mas seus efeitos existem. Se você vai conhecer eles agora ou depois, isso é algo do seu interno e no seu momento de busca, terá a resposta.
 
Então há força


A arte então vem como liberdade para quem está preso, para quem acha que é o fim. Ela possibilita a mudança de vida e a mudança interna. Dentro de nós, há forças. Forças que podem ser vistas artisticamente. Nessa pandemia, precisamos ser mais fortes do que o esperado. Ter força para enxergar vida aonde, para alguns, são só objetos ou desenhos. Ou nem isso.
 

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »