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05/06/2021 às 12h08min - Atualizada em 05/06/2021 às 12h04min

Apesar de necessário, posicionamento de influenciadores e marcas de moda sobre polêmicas pode causar perdas

Segundo a especialista em mercado digital e comunicação, Ana Paula Passarelli, é preciso se posicionar com maturidade

Danielle Vaz - Editado por Larissa Barros
Reprodução / Instagram / @bellahadid


Em maio, notícias sobre os conflitos entre Israel e Palestina inundaram as redes sociais e os veículos de informação. Após diversos artistas se posicionarem sobre o assunto e terem que lidar com as diferentes opiniões, uma questão foi levantada dentro da indústria da moda: o cenário fashion seria um ambiente favorável para marcas, influenciadores e profissionais da área se posicionarem?

Atualmente, é comum percebermos uma maior aderência dos influenciadores e das marcas por posicionamentos sobre assuntos de cunho social e político, nas redes sociais. Para a especialista em mercado digital e comunicação, Ana Paula Passarelli, se posicionar digitalmente e pensando no mercado de moda, é necessário atualmente. 

Ela destaca que a moda é expressão de identidade e precisa estar sempre conectada com o público. Mas para além disso, Passarelli levanta a questão de que os posicionamentos por tendências são fáceis de identificar, principalmente quando não imprimem a missão e estrutura da empresa. 

 

“Quando você pega uma marca que se posiciona nas questões relacionadas ao ambiente, sociais e política, ela não tá só entrando numa esfera...acho que tem questões um pouco mais tensas e difíceis de marcas entrarem, porque exige também conhecimento, não adianta gritar “Fora Bolsonaro!” e pensar que está sabendo de tudo, não tá”, afirmou. 


De acordo com Paula Passarelli, existem marcas que sabem se posicionar com maturidade. Entre elas está a Cavalera, que já se posicionava politicamente na estampa das roupas há cerca de vinte anos. 

“Hoje [o posicionamento político] é motivo de briga. Então, no momento que tá tudo tão atravessado, aflorado nas pessoas, exige um cuidado, mas eu acho essencial mesmo que seja em assuntos neutros, questões ambientais e sociais, é mínimo em um país tão desigual”, destacou a especialista.

As irmãs Gigi e Bella Hadid, ambas modelos e descendentes de palestinos, manifestaram, mais uma vez, o apoio à luta do povo palestino. Após afirmarem que os ataques de Israel seriam uma limpeza étnica, receberam diversas mensagens e críticas. 

“Isso não é sobre religião. Isso não é sobre vomitar ódio um pelos outros. Isso é sobre a colonização Israelense, limpeza etnica, ocupação militar e apartheid sobre a população Palestina que passa por isso por ANOS!” declarou Bella Hadid, em seu Instagram. 

Passarelli menciona o cuidado que os influenciadores e marcas precisam ter ao expressarem suas opiniões, pois se tornam peças vulneráveis. O caso das irmãs Hadid é um exemplo disso, quando a mais nova delas, Bella Hadid, publicou sua foto no protesto a favor dos palestinos, o perfil oficial do governo israelense atacou a modelo no Twitter.

 “Quando celebridades como Bella Hadid advogam a favor de atirar em judeus ao mar, eles estão defendendo a eliminação do Estado Judaico. Isso não deveria ser uma questão Israel-Palestina. Essa deveria ser uma questão humana. Que vergonha de você #IsraelSobAtaque”, diz o tweet. 


No Brasil, o ano trouxe muitos escândalos políticos, além de um fortalecimento da polarização partidária. Mas, os influenciadores digitais se tornaram peças importantes para este poder, pois atuaram para reforçar a confiança da população. Segundo uma reportagem da Pública, o Ministério da Saúde e a Secretaria da Comunicação investiram mais de R$1,3 milhões para marketing com influenciadores sobre a Covid-19


Seguindo a mesma linha interpretativa de Passarelli, a estilista e creator, Mirella Barboza, também considera extremamente relevante que marcas exponham seus posicionamentos nas redes sociais, para assim se aproximar e criar conexão com o público. 

A estilista que já teve uma marca sustentável e hoje produz conteúdo no Instagram,  afirma que já sentiu receio de se expor, mas continuou porque deseja que sua voz seja ouvida e para ela, ser a favor dos direitos humanos e da natureza é essencial.

 

 “Moda é política, desde sempre. É impossível fazer e falar de moda sem haver o vínculo com assuntos sociais e políticos. Como a segunda indústria que mais polui no mundo, estamos diretamente ligados a leis ambientais, e precisamos de políticos que vejam isso, que levem a sério a crise climática e priorizem ações para tornar a moda mais limpa.”—Mirella Barboza.


A conexão entre a moda e a política não é nova, e ficou ainda mais escancarada com o desenvolvimento da internet. ​Para não cair no anacronismo, precisamos entender a moda como termômetro comportamental e parte indissociável da sociedade. Sendo assim, acompanha culturas, momentos políticos e principalmente mudanças sociais.
 


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