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24/06/2021 às 18h28min - Atualizada em 24/06/2021 às 17h44min

A escolha de um caminho: será que todo mundo sabe o que vai ser quando crescer?

Nem sempre nós sabemos qual carreira seguir, mas continuar tentando é uma verdadeira atitude de resiliência

Letícia Aguiar - Edição: Brenda Freire
Reprodução/internet
Quando somos crianças e nos perguntam: “o que você vai ser quando crescer?”, as respostas são das mais inusitadas, desde astronauta até agente da CIA. Tudo tem lugar na nossa imaginação, afinal, somos crianças e ainda temos a liberdade de dar essa resposta de várias formas possíveis. Porém, quando crescemos e precisamos realmente responder a essa pergunta, podemos nos deparar com a falta de uma resposta e o início de um longo caminho.

Segundo uma pesquisa realizada durante a Expo CIEE 2019, pelo CPS (Cedaspy Professional School) – rede de escolas de capacitação e profissionalização –, 60% dos jovens ainda têm dúvida quanto ao futuro profissional. Mais que uma estatística, esse número pode nos fazer visualizar a quantidade de jovens que não fazem ideia de qual caminho seguir, e precisam descobrir na prática aquilo que lhes interessa.

É o caso de Gabriel Victor, 20, que segue tentando achar uma faculdade do seu interesse. Ele já tentou fazer faculdade três vezes, duas delas na mesma graduação, em Odontologia. Apesar de se identificar com a área, Gabriel ainda não tem certeza se a carreira de dentista é realmente o seu caminho, mas ele continua buscando se encontrar e agora pensa em voltar a cursar Odontologia. “Todo esse processo foi importante para eu entender qual curso eu quero fazer. Agora tenho planos de voltar a fazer odonto, imagino que o certo é sempre continuar tentando”, disse.


Reprodução/ arquivo pessoal- Gabriel Victor

Essa dúvida sobre “qual caminho seguir” é muito comum. Segundo a psicóloga Nicolly Amorim, esse questionamento é muito frequente, principalmente ao final do ensino médio. De acordo com ela, para a nossa sociedade, o indivíduo tem que seguir um ciclo: ensino primário, ensino médio, faculdade e trabalho. Entretanto, nem sempre ao fim do ensino médio esse indivíduo sabe qual caminho percorrer dali em diante.

Mas a incerteza sobre o que fazer da vida pode ir muito além do ensino médio e da faculdade, gerando profissionais frustrados e infelizes com a profissão. De acordo com a pesquisa feita pela Giacometti Comunicação, em 2016, 52% dos brasileiros na faixa dos 30 anos estão insatisfeitos com a carreira.

Contudo, tendo certeza ou não, nós somos cobrados a ter uma resposta sobre o rumo que vamos tomar e o que deveria ser motivo de alegria, passa a ser uma verdadeira pressão psicológica. Para Nicolly Amorim, a pressão de ter que saber o que fazer pode até gerar transtornos psicológicos. “Essa pressão pode causar transtornos psicológicos, como a ansiedade generalizada, tanto pela angústia de ter que decidir o que fazer da vida, quanto pela preocupação exacerbada com o futuro”, falou.

Uma das formas de descobrir uma resposta é o autoconhecimento, a partir dele é possível saber áreas de interesse e quem sabe um caminho. Foi o que aconteceu com Lucas Henrique, 20, ele não tinha em mente um curso exato, mas usou suas habilidades para poder se encontrar dentro de uma área.
 
“Eu escolhei fazer Jornalismo a partir das minhas habilidades, que são ler e escrever. Depois eu aliei ao fato de que eu gostava muito dessas áreas e de assistir jornal para saber o que que estava acontecendo no mundo, foi aí que me descobri jornalista”, explicou.



Reprodução/ arquivo pessoal- Lucas Henrique 


UMA HISTÓRIA DIFERENTE

Muito embora a faculdade tenha a sua importância e seja fundamental, nem todo mundo optou por se encontrar através de um curso de graduação, mas nem por isso deixou de esbarrar com a felicidade. Essa é a história da técnica em enfermagem Cecília Aguiar. Ela é mãe solo e engravidou aos 28 anos, foi nesse momento que Cecília precisou escolher um caminho, mas resolveu não fazer uma faculdade pois não era de seu interesse, preferiu fazer um curso técnico em enfermagem.

Ao se matricular no curso, Cecília acabou se descobrindo e percebeu que seu destino era cuidar das pessoas. Ela conta que durante o curso sentiu que havia nascido para cuidar dos outros, e mesmo sem ter vontade de fazer faculdade, acabou se interessando verdadeiramente por algo. 

Apesar de não ter trilhado os caminhos da graduação, ela não descarta a possibilidade, se um dia a vontade bater. Hoje, a filha de Cecília já está com 21 anos e a carreira da mãe é um verdadeiro motivo de orgulho. “Minha mãe pode até ter “caído de paraquedas” no curso técnico, mas eu tenho certeza que ela nasceu para isso. Cuidar das pessoas é o verdadeiro destino dela”, enfatizou.


Reprodução/ arquivo pessoal- Cecília Aguiar 

Agora, Cecília é mais uma das profissionais atuando na linha de frente contra o coronavírus, e se lá naquela época de sua gravidez ela não tinha certeza da importância do seu trabalho, no presente, a técnica em enfermagem tem plena consciência de que é uma peça fundamental no combate à doença.
 
“Com a Covid-19 eu pude perceber o quanto meu trabalho é importante, mesmo com o medo de me infectar e de infectar a minha família, eu continuo trabalhando, por mim e por todos nós”, declarou.

Assim como Cecília ou Lucas, você pode ter achado o seu caminho e estar perto da sua realização, ou você pode estar percorrendo uma rota mais longa como a de Gabriel. No final das contas, tendo ou não uma resposta para “o que fazer da vida”, o importante é seguir seu próprio caminho e entender que sua trajetória é tão válida como a de qualquer outra pessoa.


 

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