Poesia: meio de arte, expressão e crítica social usada por muitos, inclusive jovens adolescentes. Podemos perceber isso ao assistir a série “Ginny & Georgia”, produção original da Netflix onde em determinado momento Ginny usufrui de uma redação escolar para dizer o que rodeia sua mente.
Sua redação se tornou uma poesia, e com ela Ginny se questiona sobre a pressão social que um adolescente vive ao ter que definir todo o seu futuro com 18 anos, e também como se sente obrigada a se enquadrar em algo que não necessariamente é para ser aceita socialmente.
Pensando nisso, esta matéria irá usufruir de trechos de sua poesia para levantar questionamentos sociais, além de contar com a opinião da jovem e futura jornalista Karina Santos.
Em determinado ponto de sua poesia, Ginny desabafa sobre como é exaustante ter que camuflar traços de sua personalidade para ser aceita socialmente:
A adolescência, uma fase da vida repleta de inseguranças e questionamentos sobre tudo, onde o mais desejável é ser aceito, fazer parte de algo, mesmo que isso não tenha haver com você.
Karina disse que na sua fase escolar se sentia pressionada e julgada por não ser necessariamente aquilo o que se espera de uma adolescente:
Qual caminho seguir?
Ser aceito socialmente, ou julgado por ser fiel a si mesmo não é a única pressão desta fase da vida. A necessidade de com pouca idade ter que definir qual rumo sua vida irá seguir para sempre é esmagadora, e Ginny também fala sobre isso em seu poema:
Por quanto tempo será assim? Por qual razão a sociedade se sente no direito de dizer o que é melhor para o futuro de alguém que ainda está tentando se descobrir quanto pessoa, e dão a impressão que é um rumo que nunca poderá ser mudado: é tudo ou nada. Isso não seria cruel?
Tudo isso assustou até mesmo nossa graduanda, que mesmo já sabendo o que buscava para sua vida, especialmente por ter passado por isso em uma época de pandemia mundial onde, se o futuro do planeta é incerto, por qual razão o seu não deveria ser?
No decorrer da escrita, nossa protagonista aborda as “caixas” onde a sociedade tenta encaixá-la e afirma que apesar de a sua não ser a que importa para a sociedade, é a que forma sua personalidade.
“A minha identidade inteira cabe em uma caixa, sem encher
Porque onde tem raízes, tem poder
Mas eu sou solo superficial
O sangue que corre na minha veia é desigual e não se mistura
Os livros do meu pai
Lidos nos cantos que ninguém vai
A câmera que guarda todas as minhas lembranças num flash
Congelando o tempo que não rejuvenesce
O isqueiro
Que veio primeiro
Tudo cabe numa caixa
Pronta para ser levada de porta em porta
Mas esse não é o tipo de caixa que as pessoas mais se importam”
Afinal: qual é a “caixa” que mais agrada a sociedade? Ser o aluno exemplar que com certeza terá um futuro brilhante? Como uma coisa se relaciona a outra e o que ingressar em uma faculdade tem haver com seu futuro ser brilhante?
Acerca disso, Karina afirma que esse sistema de “caixas” pode ser sufocante, e ter alguém dizendo a qual você pertence é estressante:
Por quanto tempo os jovens irão se contentar em ser o que os demais desejam ao invés do que realmente são? Por qual razão entrar em uma caixa na qual não se adequa, se podem criar suas próprias caixas?
Nossa entrevistada sabe bem o que há em sua caixa e afirma que os elementos que a compõem podem mudar, pois mudamos constantemente:
E você leitor: a qual caixa pertence?
Está confortável nela ou farto e pensa em criar sua própria? O poema de Ginny é finalizado da seguinte forma:
“São tantas linhas no chão
São tantos "sins" e “nãos”
Eu vejo os dois mundos com clareza
[...]
Meu lugar não é lá nem aqui
Quantas caixas escolhi?”
E você, quantas e quais caixas irá escolher?