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30/06/2021 às 11h56min - Atualizada em 30/06/2021 às 11h40min

Países do G20: Inflação brasileira é a que mais avança

Alta nos preços de alimentos, desvalorização do real e avanço das commodities ajudam a explicar esse comportamento econômico

Marina Miano Cardoso - Editado por Maria Paula Ramos
Países integrantes do G20. Créditos: Shutterstock - Reprodução: portal Seu Dinheiro
Devido a sua desvalorização monetária da taxa de câmbio, - que faz com que os produtos importados fiquem mais caros - o Brasil foi o país que registrou a maior elevação inflacionária entre o grupo das 20 maiores economias. Com seu Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima da meta do governo para o ano, viu-se a inflação anualizada ter uma alta de 6,2 pontos percentuais no período de um ano (maio de 2020 era de 1,9%, no deste ano foi de 8,1%). 
 

Outro ponto que explica essa alta é que alguns bens importados também estão com os preços elevados no mercado internacional. 

 

“Isso reforça a elevação de commodities. Foi o caso de muitos alimentos e insumos farmacêuticos. Há o problema dos preços administrados, como o petróleo, o gás e a energia elétrica”, explica André Roncaglia, professor doutor adjunto do Departamento de Economia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). “Esses itens são importantes componentes de custo das mercadorias e, com isso, vai-se transmitindo a toda cadeia produtiva, até chegar na ponta do consumo”, completa. 

 

Nesse grupo apenas quatro nações não registraram aceleração em suas taxas. Que saiu de 3,8% no ano passado para 6,1% em maio deste ano. “As moedas dos outros países são menos voláteis e, portanto, transmitem aos preços finais o efeito atenuado da bolha de commodities mundo afora”,explica Roncaglia. 
 

                                                                     

 

Qual a importância 

 

Para compreender melhor  o que acontece é preciso entender que os preços se ajustam de acordo com a demanda e oferta por produtos e serviços. Quando a procura é maior que a oferta, os preços sobem, e se esse aumento ocorre de maneira generalizada na economia, isso é inflação, como a que vivemos agora. 

 

“A sua duração vai depender de quatro aspectos: a taxa de câmbio (que já está caindo), o restabelecimento dos estoques das empresas (o que parece já estar em vias de finalização), do comportamento da taxa de juros (que já está se aproximando da “normalidade”, com elevações sucessivas pelo Bacen) e da retomada da atividade econômica. Esta última ainda é bastante incerta, condicionada pelo ritmo da vacinação, que está aquém do desejado”, diz André Roncaglia. “O grande definidor será o ritmo de retorno do setor de serviços, que gera R$ 7 em cada R$10 gerados no país. Como o desemprego ainda está elevado e a renda teve queda de 10% no primeiro trimestre, há algum espaço para uma recuperação menos inflacionária, a depender do ritmo. Se a abertura for muito rápida, a inflação de serviços pode se elevar rapidamente. Se for mais vagarosa, os preços vão se acomodando gradualmente e o efeito final sobre os índices pode se dissipar”, explica. 

 

Essa denominação pode assustar um pouco, mas a inflação não é uma doença - não ao nível do que acontecia antes do plano real, em 1994 - e sim um indicador de qualidade de uso dos recursos produtivos de um país. 

 

“A questão maior é como impedir que ela machuque os mais pobres, aqueles que sofrem mais em uma inflação como a atual, concentrada em preços de bens da cesta básica ou de insumos que afetam o consumo dessas famílias, como energia elétrica, aluguéis e alimentos. Neste sentido, a combinação de câmbio apreciado, desemprego elevado e taxa de juros subindo moderam a trajetória futura da inflação, passados os choques maiores dos últimos meses”, afirma o professor doutor adjunto do Departamento de Economia da UNIFESP. 

 

De acordo com André Roncaglia o problema para a economia brasileira será como se recolocar em uma rota de crescimento com empregos de qualidade, força financeira e inclusão social.

 

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