Foto: Reprodução/Pixabay Valéria e Maria dividem um pequeno apartamento em Recife. Fica perto da praia, que agora elas nem podem aproveitar, e perto da quadra, que as duas também não frequentam no momento. Elas amam esportes, mas não se arriscam a praticá-los enquanto a pandemia não passar.
Um dos assuntos - e tristezas - em comum é esse. Mas elas sempre acompanham o mundo mágico das competições. Já há outros locais onde é seguro treinar e elas amam ver seus ídolos conquistando vitórias, mesmo em meio a um cenário tão chato.
Estas semanas, elas estão fazendo maratona para ver os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, evento que teve de ser adiado em razão da pandemia do novo coronavírus.
- Olha, Maria, eu nem sei o que esperar do desenrolar desses Jogos. Tão louco tudo acontecendo agora. Você viu que tem sido a edição mais cara dos Jogos? - diz Valéria.
- Menina, nem me fala. Uma edição histórica! É a primeira Olimpíada da Era Moderna adiada sem motivo de guerra, né? - completa Maria.
- Pois é. Mesmo com tudo, a organização do evento parece estar fazendo as coisas perfeitamente. Sem público, amiga. Que estranho! De qualquer forma, a cerimônia de abertura foi muito linda. Claramente você também acha, tá vermelha de tanto chorar - Valéria provoca.
- Hahaha deixa de implicar! Mas foi mesmo. Estou com altas expectativas. Fora que o Brasil tem começado bem, né? Duas vitórias no futebol. Primeiro as meninas, depois os meninos - Maria celebra.
- O coração fica apertado! Mas, sigamos torcendo. Viu como estão as críticas àquela halterofilista da Nova Zelândia? A primeira atleta transgênero a participar de uma Olimpíada! - diz Valéria.
- Sim, a Laurel Hubbard. Ela segue as recomendações do COI [Comitê Olímpico Internacional]. Tudo isso aí é preconceito. Os Jogos estão seguindo a evolução da sociedade. Os atletas competindo e tendo seus direitos preservados - Maria reflete.
- E que bom! O esporte é um local de igualdade e inclusão, e eles estão mostrando isso em Tóquio - diz Valéria.
- Seria clichê dizer que o ruim dos Jogos é que eles acabam? Eu já estou quase sofrendo, e nem está perto do dia 8 de agosto. Vou chorar muito no encerramento - fala Maria.
- Até eu, menina. Surfe, skate, softbol, caratê, escalada... Eles ainda trouxeram mais esportes! Promete deixar saudades - Valéria diz.
- Não quero ficar triste agora. Vou descansar e a gente continua logo menos na torcida pelo Brasil! Em todas as modalidades, inclusive - Valéria se despede.
- Claro que sim, amiga! Vou descansar também - finaliza Valéria.
