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23/07/2021 às 20h45min - Atualizada em 23/07/2021 às 20h40min

O frio também mata

Ana Beatriz Diogo Rodrigues - Edição por Brenda Freire
Minamar Júnior/Jornal Midiamax

Um, dois ou três cobertores? É difícil escolher com esse frio que está de congelar. Um banho quente e um café fervendo são companhia para esse dia com temperaturas baixíssimas, além de um filme com pipoca debaixo das cobertas.  Infelizmente, essa não é a realidade de muitas pessoas, como os moradores de rua que sofrem ainda mais com o frio nessa época do ano. 

Segundo nota do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de junho de 2020, estima-se que o número de pessoas em situação no Brasil chegue a quase 222 mil, um crescimento de 140% entre 2012 e 2020. Mas esses algoritmos não são apenas dados estatísticos, eles possuem vida, nome e histórias individuais. Essas pessoas não são cidadãos inexistentes do nosso país, porém o frio, junto com a desigualdade social, apagam essas vivências. 

Apenas nesse ano, treze moradores de rua morreram na cidade de São Paulo decorrente da queda de temperatura na capital paulista. Quem divulgou esse dado foi o Movimento Estadual da População em Situação de Rua, que pede por políticas públicas mais rigorosas no enfrentamento do inverno. Desse modo, a Prefeitura de São Paulo iniciou mais cedo o plano para acolher os moradores de rua, intitulado de Baixas Temperaturas 2021. Esse projeto estará em vigor até dia 30 de setembro. Mesmo com essa e outras ações, não é possível atingir todas as pessoas que estão passando por essa situação. 

As variáveis que levaram os cidadãos a morarem na rua são diversas, mas muitas delas estão entrelaçadas com a desigualdade social e suas consequências, como desemprego e a pobreza. Essas pessoas estão expostas ao perigo das ruas e passam por situações de fome e precariedade nas questões de saúde, tanto mental quanto física. Com a falta de um cobertor e um teto para morar, o frio também se torna uma preocupação para os moradores de rua. O inverno rigoroso chegou e a população de um país tropical sofre com ele pela falta de costume, mas será que somos abençoados por Deus como diz Jorge Ben Jor? 

A situação das pessoas em situação de rua não é causado por uma divindade religiosa, é algo que nos assombra aqui na Terra e nem precisamos de fé para acreditar, pois é visível demais aos nossos olhos. A desigualdade social é presente e traz danos em diversas áreas da sociedade. Esses cidadãos não usufruem dos direitos expressos na Constituição do seu próprio país.

É preciso refletir sobre as pessoas em vulnerabilidade nesse e em outros períodos do ano. Nesse momento, nosso corpo sofre com o ajuste de temperatura o que pode levar ao estado de hipotermia e acarretar a morte. Porém há outros motivos que podem levar ao óbito, como a fome. Essas pessoas possuem nome, sonhos e coisas favoritas, não podemos deixar isso cair no esquecimento. 

 

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