Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
06/08/2021 às 15h33min - Atualizada em 06/08/2021 às 14h55min

A ressignificação dos símbolos nacionais nas Olimpíadas

Por causa do evento, o verde e o amarelo voltou a revelar um Brasil com pessoas alegres que são resistentes e perseverantes diante de uma realidade tão difícil

Ana Beatriz Diogo Rodrigues - Editado por Andrieli Torres
Arte: Ana Beatriz Rodrigues

 


Desde que o “Gigante acordou” e o povo foi às ruas para manifestar pelo aumento de 20 centavos na passagem de ônibus, a camiseta da seleção Brasileira se apropriou de outro significado. A luta para que nossa bandeira nunca fosse vermelha foi e continua sendo tão inútil, pois hoje ela está manchada de sangue das vítimas do Covid-19 e da violência. Mas parece que nada disso importa, pois o Brasil está acima de tudo. 


Em outras palavras, desde 2015 com as manifestações contra o Governo Dilma os símbolos nacionais foram apropriados por movimentos de extrema direita, principalmente durante as eleições que elegeram o Presidente Bolsonaro. Essas pessoas usam esses elementos para se mostrarem como defensores da Pátria. O Verde e Amarelo são vistos muitas vezes em manifestações a favor do governo. Porém isso não é algo exclusivo do Brasil e da atualidade. 

O uso do nacionalismo e a valorização da Pátria foi usado em diversos governos autoritários durante a história da humanidade, como na ascensão do facismo na Itália. Uma situação que se assemelha com a do Brasil é o caso da Finlândia, em que até algum tempo atrás era natural vestir a camiseta com os símbolos do país, entretanto hoje isso está ligado a grupos xenófobos. E essa vergonha de vestir algo que é apropriado por extremistas é uma realidade brasileira. É difícil a decisão de sair com uma camiseta com o número do Neymar e ser confundido com um “bolsominion”. 

Mas nas últimas semanas, parece que o amor pela nossa camiseta voltou. As Olimpíadas começaram e nosso orgulho falou mais alto que a vergonha. As medalhas de Rayssa, Ítalo e Rebeca aumentaram o nosso patriotismo e gostaríamos de gritar ao mundo inteiro que somos brasileiros. Por essas semanas até conseguimos, tentamos na verdade, esquecer quem nos governava. Cada medalha e cada resultado positivo vibramos pelos nossos atletas. O bronze também é ouro para a gente.

Mesmo que o investimento não seja o necessário, os nossos representantes nos surpreendem e trazem nossa alegria mostrando todo o talento e a força. O verde e o amarelo não representam tanto o nosso governo, mas revela um Brasil com pessoas alegres que são resistentes e perseverantes diante de uma realidade tão difícil. Começamos a amar nossos símbolos novamente. 


A Professora de História do Brasil República da Universidade Federal Fluminense, Lívia Gonçalves Magalhães em entrevista comentou sobre as ressignificações dos símbolos durante os anos. 
 


“Eles possuem historicidade, ou seja, nem sempre existiram, são criados. E, ao longo dos anos, são ressignificados e recriados. Portanto, um símbolo que pode, em algum momento, ser relacionado a algum grupo conservador também pode ser ressignificado por grupos progressistas, e vice-versa.” 


Assim, o Brasil passa por um momento em que a situação não é a melhor, mas há esperança de que usar a bandeira não será para sempre assim. As Olimpíadas de Tokyo são a prova disso, conseguimos ser patriotas e amar nosso país com os representantes certos. Ainda queremos ser lembrados no exterior pela nossa história real e não por um governo violento. O esporte ainda é uma ótima oportunidade para mudarmos nossa imagem e nossos símbolos nacionais. 

 

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »