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02/09/2021 às 13h36min - Atualizada em 10/08/2021 às 15h25min

O "efeito Bolsonaro" na imprensa

A Repórteres Sem Fronteiras afirma que, desde o começo do mandato do presidente Jair Bolsonaro, o ambiente para o trabalho de jornalistas se tornou mais hostil: em dois anos, o país caiu para o 111º lugar no ranking geral

Lucas Munford - Editado por Maria Paula Ramos
(Foto: Marcos Corrêa/PR)
Somente em 2020, cerca de 428 casos de violência contra jornalistas foram registrados pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). O número é o maior desde a década de 90.

Quando olhamos para figuras autoritárias, como Miguel Díaz-Canel (Cuba), Mohamed ben Salmane (Arábia Saudita) e Viktor Orbánn
 (Hugria), reparamos numa mesma tendência: a hostilidade aos jornalistas.

De uma forma ou de outra, a capacidade de trazer luz e realidade aos fatos é o maior poder do jornalismo. O “4º Poder” (jornalismo) segue o padrão dos ataques de Bolsonaro aos “demais poderes”:

 

“A democracia se vê ameaçada por parte de alguns de toga que perderam a noção de onde vai seus deveres e direitos. Quando você vê o ministro Barroso ir ao parlamento negociar com as lideranças partidárias para que o voto impresso não fosse votado na comissão especial, o que ele quer com isso? Fraude nas eleições”, afirmou Bolsonaro em uma entrevista à Rádio Guaíba.

 
Seria confuso se a linha de ataque de Bolsonaro ao Legislativo e Judiciário não permanecesse no ambiente midiático. Ao que parece demonstrar, Bolsonaro procura lançar seus apoiadores contra a mídia. Não à toa a “Família Bolsonaro” foi responsável por  88,52% dos ataques à jornalistas:

Num caso recente, ao ser questionado sobre o uso de máscara, o presidente mandou uma repórter da Rede Vanguarda, afiliada da Rede Globo na região do Vale do Paraíba, "calar a boca".

Segundo a advogada Gabriele Munford, da OAB-RJ, a liberdade de imprensa deve ser mantida e inviolável, seja por qualquer pessoa ou órgão, tendo base no Artigo 220 da Constituição Federal:

“Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição .
1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. (...)”

A tendência é piorar
 
No ano de 2020, houve um aumento de censura de 750%, enquanto de agressões verbais/ataques virtuais foram de 280%, ao compararmos com anos anteriores.

Além de ataques por Bolsonaro, os profissionais da comunicação também perceberam um grande aumento nos ataques físicos e morais de pessoas – normalmente participantes da direita extrema.

Segundo especialistas, caso Bolsonaro seja reeleito, os ataques à mídia colocarão a liberdade de imprensa em “xeque”.

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